Parentesco, Natureza e Cultura

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  • Em muitas sociedades modernas, é habitual pensar no parentesco em termos biológicos. Os europeus consideram-se geralmente mais próximos dos seus irmãos do que dos seus primos e mais próximos dos primos em primeiro grau do que dos primos em segundo grau. O parentesco classificatório parece estar mais ou menos ausente neste tipo de sociedade. No entanto, verifica-se que mesmo este tipo de sociedade tem termos de parentesco que derivam mais da organização social do que do parentesco biológico.
  • Além disso, em muitas línguas indo-europeias, não existe qualquer diferença terminológica entre tios e tias biológicos e afins. Os termos de parentesco europeus cunhado e cunhada também se referem a dois tipos diferentes de parentes. Um cunhado pode ser o irmão do cônjuge do ego; pode também ser o marido da irmã do ego. Por outras palavras, os parentes não surgem naturalmente; têm de ser criados socialmente, e isso é, pelo menos em parte, modelado de modo a facilitar as tarefas e a criar ordem num mundo social que, de outro modo, seria caótico.
  • Na maior parte das terminologias de parentesco europeias, alguns afins são designados por "tios" e "tias", nomeadamente aqueles que casaram com os irmãos dos nossos pais.
  • Contra os que sublinharam os fundamentos biológicos do parentesco, foi argumentado que o parentesco é uma invenção sem ligação necessária com factos biológicos, e é sublinhado que é uma invenção dos antropólogos. Pelo menos, como os exemplos deste capítulo mostraram, o sistema de parentesco numa sociedade não decorre automaticamente das relações biológicas de parentesco. Quando a descendência é importante para justificar reivindicações de terras, pode ser comum manipular genealogias.
  • Apesar da importância das objeções contra uma visão biológica do parentesco, continua a ser um facto que as formas importantes de parentesco são universalmente enquadradas em termos de descendência biológica, embora outras formas de parentesco - classificativas, afins, simbólicas - possam ser mais importantes numa variedade de circunstâncias.