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  • A relação entre teoria e material empírico, ou dados, é fundamental em todas as ciências empíricas, incluindo a antropologia.
  • Nenhuma ciência pode basear-se apenas na teoria (torna-se então pura matemática ou filosofia), tal como não pode basear-se em factos puros: nesse caso, não nos poderia dizer nada de interessante. Por outras palavras, a investigação tem uma dimensão indutiva e uma dimensão dedutiva. A indução consiste em ir para o terreno, "observar e interrogar-se", recolher informações sobre o que as pessoas dizem e fazem. A dedução consiste na tentativa de explicar os factos através de uma hipótese ou teoria geral.
  • Podemos encarar a procura deste tipo de perceção geral como um movimento em ziguezague entre a observação dos factos e o raciocínio teórico, em que novos factos modificam a teoria e a teoria (modificada) explica os factos. De cada vez que se passa da teoria para a descrição do processo empírico e vice-versa, a perceção torna-se um pouco mais exata.
  • Se reproduzíssemos tudo o que os nossos informadores dizem e descrevêssemos tudo o que fazem, não poderíamos falsificar, ou mesmo justificar, hipóteses específicas. Ficaríamos praticamente afogados em pormenores sem poder apresentar padrões e regularidades. A descrição da sociedade seria tão complexa e ambígua como a própria sociedade e, portanto, supérflua.
  • O projeto antropológico consiste, em grande medida, em impor padrões e regularidades ordenadoras ao material observado, e dependemos das nossas próprias abstrações teóricas para o fazer. O desafio consiste em dizer algo de significativo sobre a cultura e a vida social através dessas abstrações.
  • A escolha de um tema preciso para investigação é, portanto, uma parte importante da preparação para o trabalho de campo. Deve-se, no mínimo, saber se se está interessado, por exemplo, na gestão de recursos ou na educação de crianças antes de iniciar o trabalho de campo. Caso contrário, acabar-se-á por saber muito pouco sobre tudo, em vez de saber o suficiente sobre alguma coisa.