Abordagens sobre a cidade

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  • Inúmeros são os estudos e as abordagens sobre os rumos e as consequências do processo de urbanização em curso, principalmente nas grandes metrópoles contemporâneas.
  • Agrupei tais abordagens, em dois blocos: o primeiro deles reúne aquelas análises e respetivos diagnósticos que enfatizam os aspetos desagregadores do processo tais como o colapso do sistema de transporte, as deficiências do saneamento básico, a falta de moradia, a concentração e desigual distribuição dos equipamentos, o aumento dos índices de poluição, da violência. Com base em variáveis e indicadores sociais, económicos e demográficos, este é o quadro geralmente aplicado às grandes cidades do mundo subdesenvolvido ou, de acordo com o atual eufemismo, dos 'países emergentes'.
  • Agrupei tais abordagens, em dois blocos: Uma outra visão, geralmente referida a metrópoles do primeiro mundo, projeta cenários marcados por uma ostensiva sucessão de imagens, resultado da superposição e conflitos de signos, simulacros, não-lugares, redes e pontos de encontro virtuais. Esta é a cidade que se delineia a partir da análise de alguns semiólogos, arquitetos, críticos pós-modernos, identificada como o protótipo da sociedade pós-industrial.
  • No primeiro caso, apresenta-se uma linha de continuidade onde fatores desordenados de crescimento acabam por produzir inevitavelmente o caos urbano; no segundo, enfatiza-se a rutura, consequência de saltos tecnológicos que tornam obsoletas não só as estruturas urbanas anteriores como as formas de comunicação e sociabilidade a elas correspondentes; o caos, aqui, é semiológico. Um, fruto do capitalismo selvagem; a outra, mais identificada com o capitalismo tardio.
  • Ainda que por motivos diferentes, essas duas perspetivas - aqui polarizadas para efeito comparativo e de contraste - levam a conclusões semelhantes no plano da cultura urbana: deterioração dos espaços e equipamentos públicos com a consequente privatização da vida coletiva, segregação, evitação de contatos, confinamento em ambientes e redes sociais restritos, situações de violência etc.
  • Não obstante seu esquematismo, esta é uma visão bastante recorrente no discurso dos meios de comunicação e até em análises mais académicas voltados para a discussão de problemas urbanos: é justamente no estereótipo que reside o sucesso da fórmula.