Relevância contínua

• A globalização envolveu movimentos maciços de pessoas, informação e bens, e dissolveu todo o tipo de barreiras culturais, sociais, económicas e políticas mais antigas.
• Estes fluxos globais desencadearam identificações localizadas renovadas, à medida que os seres humanos se esforçam por encontrar o seu lugar particular numa ordem mundial em rápida mutação. No entanto, muito do que poderíamos designar por prática etnográfica "clássica" continua a ter o mesmo objetivo que tinha há um século, quando Malinowski e Boas utilizaram a investigação etnográfica para iniciar a formação de duas tradições antropológicas fundamentais na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos da América.
• O estudo das particularidades da existência humana quotidiana é uma tarefa contínua para os etnógrafos de hoje. Se a etnografia quiser continuar a ser relevante no futuro, deve encontrar formas de compreender como as identidades locais contemporâneas estão ligadas em rede num sistema global e deve esforçar-se por compreender o lugar da socialidade mediada pela tecnologia nos sistemas sociais e culturais atuais.
• Se a força da etnografia tem sido a sua capacidade de apreciar as particularidades sociais e culturais da existência humana, agora precisa também de apreciar essas particularidades como parte de um complexo humano global. A atual geração de "nativos digitais" que socializam no ciberespaço e mantêm amizades através de telemóveis é um exemplo óbvio da paisagem em mudança da sociedade e da cultura com que os etnógrafos são confrontados. A forma como um etnógrafo estuda os seres humanos e os contextos sociais que não têm interações face a face é um desafio para a ciber-etnografia.