Sumário

• A etnografia é uma prática de investigação direta e qualitativa das ciências sociais que implica que os etnógrafos façam trabalho de campo com grupos humanos, sociedades ou culturas, experimentando o fluxo e refluxo diário da vida de um grupo participante. A etnografia é também uma forma de escrita de não ficção que se baseia em dados sistematicamente recolhidos no trabalho de campo e noutras fontes secundárias relevantes. A partir da combinação da investigação e da escrita, os etnógrafos constroem teorias sobre a condição humana.
• Ao efetuar a observação participante, os etnógrafos são simultaneamente orientadores da investigação e um instrumento da investigação. A etnografia é uma experiência que envolve todo o corpo. Por este motivo, é importante que os etnógrafos sejam reflexivos; que compreendam e giram a sua influência no processo de investigação. Uma etnografia metodologicamente reflexiva permite a dissolução da suposta oposição entre subjetividade e objetividade e pode ajudar a resolver a aparente contradição da observação participante.
• Os etnógrafos empregam métodos como se fossem ferramentas, mas precisam de ser capazes de explicar por que razão preferem um determinado conjunto de ferramentas a outro. Uma forte justificação filosófica e intelectual dos seus métodos define uma boa metodologia etnográfica.
• A etnografia "escapou" da antropologia e da sociologia qualitativa e está a ser favorecida em muitos domínios. No entanto, existe uma notável continuidade metodológica na etnografia desde o tempo de Malinowski e Boas até aos dias de hoje.
• A etnografia não tem um elemento ético - a etnografia é um compromisso ético desde o início e ao longo de todas as fases da investigação e redação etnográfica. Todos os etnógrafos têm de lidar com as responsabilidades e obrigações inerentes à formação de contactos e contratos humanos estreitos.