Nas atuais condições de globalização e pós-modernidade, a ideia de locais bem delimitados para a investigação da condição humana foi completamente derrubada. Isto não quer dizer que esses locais já não existam, mas sim que já não são uma condição prévia de um "bom" ou "adequado" projeto etnográfico.
O conceito de etnografia multi-situada cresceu em importância durante este período. Uma vez que os etnógrafos procuram compreender a condição humana tal como ela se manifesta num sistema mundial global, alguns consideram que uma variedade de locais para fins comparativos e contrastivos faz parte integrante do campo etnográfico na modernidade tardia. Além disso, esta abordagem difusa do sistema mundial ao campo tem levantado o espetro de um campo etnográfico "não-situado", em que o foco é a condição humana generalizada e não-localizada no fluxo e refluxo do sistema mundial global.
Correndo o risco de desvalorizar os conceitos de multi-situação ou de "não-situação", estas construções de campo não desafiam verdadeiramente a ideia de um campo etnográfico singular, porque a noção de um campo que não depende apenas do espaço geográfico, mas que é antes informado por fronteiras interrogativas, é capaz de abranger o campo etnográfico singular, multi-situado e não-situado.
As fronteiras interrogativas não são afetadas pela pluralidade geográfica ou social, nem pela mobilidade na etnografia. Não existe uma diferença real ou um significado especial na consideração da etnografia multi-situada. Não se trata da mudança de paradigma que por vezes é apresentada como tal, desde que definamos os campos etnográficos como parte geográfica, parte social, parte construção mental (como penso que devemos fazer).
A concetualização da fronteira interrogativa, ou seja, as questões que impelem o etnógrafo, ultrapassam as considerações geográficas e unemlugaresdifusos, soltos, separados, móveis ou distantes num único campo etnográfico de investigação.