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  • Falar com as pessoas é a primeira tarefa etnográfica crucial. As conversas de abertura e as comunicações que se têm ao estabelecer projectos etnográficos são tipicamente formas de negociação e de apelo.
  • A negociação desempenha um papel fundamental na obtenção de financiamento, no acesso a locais de campo, na explicação e definição dos parâmetros da investigação, no compromisso com prazos e resultados potenciais e na obtenção de um acordo sobre o tempo e o esforço exigidos aos potenciais participantes para a realização de um projeto.
  • Os etnógrafos têm de ser capazes de explicar as suas motivações intelectuais, por vezes obtusas, a um público leigo, com o objetivo de fazer avançar um projeto. Há importantes políticas sociais, históricas e culturais em jogo nestes contactos iniciais.
  • A lista de potenciais problemas relacionados com a política de realização do trabalho de campo é extensa. Além disso, a lista continua a crescer num mundo em que as comunicações e os movimentos de massas estão a reunir grupos de seres humanos que podem nunca se ter conhecido ou ouvido falar uns dos outros e em que, nos encontros, há uma consciência crescente da política, por vezes complicada, da aquisição de conhecimentos que ocorre na etnografia.
  • Acima de tudo, os etnógrafos têm de ser capazes de negociar as dimensões éticas da sua investigação e responder às perguntas dos participantes sobre o valor da investigação para os participantes (que pode ou não ser o mesmo valor que o etnógrafo atribui à investigação).
  • Não há forma de fazer etnografia e evitar estas questões políticas; de facto, em alguns casos, não é aconselhável tentar minimizar o impacto destas formas de ação política, uma vez que podem ser parte integrante do mundo real, do cenário quotidiano que se pretende encontrar ao fazer etnografia. Nestes casos, é melhor não tentar microgerir estas questões, mas deixá-las desenvolver-se como parte da experiência etnográfica.
  • A política da etnografia não é, portanto, um problema a ser ultrapassado; é um facto social a ser negociado. Para nos equiparmos para este facto de negociação, temos de prestar atenção à moeda de negociação: a linguagem.