A negociação e a linguagem que utilizamos para estabelecer relações são questões de importância imediata e contínua no trabalho etnográfico. Após os contratempos e sucessos da fase introdutória do trabalho de campo, o etnógrafo pode ter aprendido a arte de fazer com que as pessoas falem, mas também tem de aprender a manter as pessoas a falar. O tema da conversação resume adequadamente esta fase do intercâmbio etnográfico.
O ato da conversação humana é tipicamente representado como um comportamento natural, um resultado fácil de uma socializaçãoadequada, de facto, "a vida social depende fortemente (na maioria dos contextos) da conversação e da conversa". Embora todos conheçamos pessoas com quem é "difícil falar" ou que são tímidas ao ponto de acharem a conversa tudo menos fácil e natural, conversar é visto como um ato quotidiano que é uma parte importante das interações humanas normais.
Poderíamos caraterizar uma boa conversa como uma conversa que troca informações, preenche o tempo, entretém, entusiasma e é relevante no dia a dia, sem ser pesada ou causar obrigações ou responsabilidades. Uma conversa quotidiana e não vinculativa é "boa para pensar".
Os etnógrafos estão sempre a tentar integrar-se durante o seu trabalho de campo, e adquirir proficiência linguística suficiente para cultivar interações naturais e manter os participantes à vontade é vital para manter as pessoas a falar. Mas tal como a etnografia nos leva a estar em relações invulgares e a construir lugares de formas invulgares, também nos leva a conversas invulgares. O carácter habitual das conversas etnográficas reside na tensão entre a 'naturalidade' de uma boa conversa e a 'instrumentalidade' inerente ao esforço etnográfico.