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  • No século XVIII, feudalismo e repúblicas patrícias são assim formas residuais que cobrem apenas uma área reduzida da Europa. Estas formas desaparecem porque estão em contradição com o avanço geral da sociedade, com a evolução da economia, da administração e do movimento dos espíritos. A evolução favorece o regime monárquico, que é já o regime mais difundido; em diversos países, sobrepõe-se ao que ainda resta do feudalismo e aos vestígios de repúblicas patrícias.
  • Não esquematizaríamos se disséssemos que a forma normal do antigo regime político no século XVIII é a monarquia. Daí a equação tantas vezes transformada em axioma de que o antigo regime é a monarquia. Esta equação recebe uma confirmação suplementar pelo facto de a Revolução Francesa, que fará tábua rasa do antigo regime, ser essencialmente dirigida contra a monarquia. Contudo, esta equação só grosso modo é verdadeira, visto que outros tipos de regimes subsistem e sobretudo porque a denominação de «monarquia» abrange uma ampla diversidade de formas.
  • A Europa conhece monarquias de todos os tamanhos: a disparidade entre Estados é ainda mais acentuada do que atualmente. Hoje em dia a maior parte dos Estados europeus é de uma ordem de grandeza comparável, enquanto a Europa do século XVIII justapõe, ao lado de um elevado número de minúsculos principados, vastos reinos. Por outro lado, os graus da autoridade são muito desiguais em alguns países o poder é ilimitado; noutros deve ser partilhado com uma multiplicidade de adversários ou de parceiros.
  • (Diversidade) Contudo, é possível reconduzir esta variedade de formas monárquicas a três tipos: a monarquia absoluta, o despotismo esclarecido e a monarquia britânica, que são outras tantas espécies de um mesmo género. Estas formas não são fixas e evoluem...
  • Estas formas não são fixas e evoluem...A Europa ainda não imaginou fixar em constituições a organização do poder e as relações entre os órgãos quando são vários; como o funcionamento dos poderes não está consignado em nenhum texto ao qual cada um possa referir-se, é grande a margem de manobra.
  • Muito antiga na sua essência - o poder de um só ,- a instituição monárquica distingue-se por este aspecto das outras formas de regimes caracterizadas pela pluralidade, que reside, no caso do feudalismo, no desmembramento da autoridade e, no caso das repúblicas patrícias, nos executivos colegiais. A instituição monárquica define-se assim pela unicidade do soberano e pelo poder pessoal.