Sempre que estamos em presença de um reformismo que parte de cima, temos de lidar com a posteridade do despotismo esclarecido. Todos os regimes, todos os governos que empreendem a refundição das estruturas, seja para desenvolver o poderio do Estado ou para fazer a felicidade dos seus súbditos, seja ainda pelos dois motivos ao mesmo tempo, não são necessariamente contraditórios, ligam-se, de perto ou de longe, à tradição do despotismo esclarecido. Se as reformas são feitas sem que sejam consultados os interessados, reencontramos a mesma conjunção de ação autoritária e de intenção racionalista.