A influência oculta das minorias

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  • Este tipo de explicação, que encontra facilmente crédito junto de uma opinião que se satisfaz em pensar que a história se reduz, em última análise, à ação de cabalas.
  • Forjado a propósito da revolução, o princípio da influência oculta de pequenos grupos que conspiram contra a ordem estabelecida encontra a sua aplicação numa diversidade de casos, sejam eles as intrigas do duque de Orleães, o papel das sociedades secretas, da maçonaria, ou ainda o ouro que a diplomacia inglesa teria largamente despendido em França
  • Esta explicação tem o mérito de realçar o papel das minorias. Os que crêem poderem tudo explicar pela sublevação espontânea das massas pecam por exagero, pois, de facto, quer se trate de movimentos sociais, nacionais, quer se trate de revoluções políticas, a experiência histórica revela a intervenção de pequenos grupos precursores que formam vanguardas.
  • Mas a influência dessas minorias, a ação dessas vanguardas, seriam muito restritas se não encontrassem na massas simpatias afirmadas ou implícitas. Esta explicação revela-se então insuficiente.
  • Se, por exemplo, a ação das lojas maçónicas ou dos amigos do duque de Orleães se tivesse exercido contra a corrente do movimento geral, o governo não teria tido problemas em defrontar as suas intrigas. Foi por terem desfrutado do apoio da população que conseguiram triunfar. A contraprova é fornecida no século XIX, quando não foi por falta de conspirações para o derrube dos regimes fundados nos princípios de 1789 que os contra-revolucionários falharam por não encontrarem na opinião pública as conivências de que os revolucionários haviam beneficiado em 1789.
  • A explicação pelas minorias deve ser retida pela sua contribuição positiva, mas com a condição de ser inserida numa perspetiva de conjunto que tenha as ligações entre as vanguardas e o resto da sociedade, uma vez que é esta reciprocidade de trocas, esta aliança das minorias e das massas, que está na origem de todos os grandes movimentos históricos.
  • Valorizem elas circunstâncias, acidentes ou minorias, estas teorias, que sublinham o carácter inevitável da Revolução Francesa, não bastam para explicar tudo; somos então forçados a recorrer a outras teorias: o elo de causalidade, de necessidade entre a situação anterior e a evolução dos acontecimentos, parece tão estrito e tão direto que somos por vezes levados a perguntar como não surgiu a revolução mais cedo. Como este elo de causalidade pode cobrir uma diversidade de causas de naturezas muito diferentes, é necessário decompor o seu feixe.