A história revolucionária apresenta uma sequência de ressaltos inesperados. Poderíamos pensar que a França, ao escolher a via revolucionária, executa de uma só vez uma refundição total, atacando assim a ordem estabelecida. Foi, de resto, o que os contemporâneos julgaram, em 1789, e depois, em 1791, quando a Assembleia Constituinte se dissolveu depois de ter restituído ao rei os seus poderes.
Foi, de resto, o que os contemporâneos julgaram, em 1789, e depois, em 1791, quando a Assembleia Constituinte se dissolveu depois de ter restituído ao rei os seus poderes: o rei vai à assembleia e presta juramento de fidelidade à Constituição, que é objecto de uma revisão que visa torná-la definitiva. É então praticamente generalizado o sentimento de que a era das revoluções está encerrada e se abre um longo período de estabilidade que permitirá à França desfrutar tranquilamente da renovação que acaba de realizar. Nada disso acontece.
Trata-se, pois, de uma sucessão de revoluções. A expressão que correntemente empregamos, revolução, no singular, é enganadora, pois, se exprime o que confere identidade ao período, dissimula essa sucessão de revoluções que se seguem umas às outras nos anos que vão desde a convocação dos estadosgerais ao 18 Brumário.
Distinguem-se várias fases, nitidamente individualizadas, que são como outras tantas revoluções, cada uma das quais tem o seu espírito, propõe o seu programa, fixa os seus objectivos. Cada revolução tem também os seus homens, apoia-se numa camada social de preferência às outras e deixa uma herança, instituições, procedimentos de governação, que concorrem para a diferenciar das outras fases.