Cards (7)

  • Esta primeira fase revolucionária não tarda a ser seguida de uma segunda, que as intenções e as disposições da primeira não faziam prever. Inicia-se com a jornada popular de 10 de Agosto de 1792, derruba a monarquia, executa o monarca e proclama a república.
  • Mais radical, vai muito mais longe do que a precedente em todos os domínios, sejam eles políticos, sociais, religiosos ou económicos, e caracteriza-se por um impulso democrático.
  • A primeira revolução, a da Constituinte, era liberal.
    A segunda ultrapassa o liberalismo: tende a apagar as diferenças sociais, suprime a distinção censitária, na qual assentava, sob o regime da Constituição de 1791, o exercício dos direitos políticos.
  • Popular também o é pelos seus actores. Enquanto a primeira é feita por uma burguesia desafogada de togados, que em seguida ocupa as administrações departamentais e municipais, a segunda é obra da arraia-miúda de Paris, das secções, dos sans-culottes.
  • A primeira emprega processos moderados, ao passo que à segunda não repugna recorrer a soluções extremas se as circunstâncias, tanto internas como externas, parecerem exigi-lo; o terror é um aspecto desta revolução.
  • Diferença também no plano das instituições políticas e administrativas: a primeira revolução liberal suprime todos os agentes do poder central, enquanto a segunda, em parte porque as circunstâncias a isso a obrigam, se empenha numa direção completamente diferente, abandonando as iniciativas descentralizadoras de 1789-1791 e estabelecendo um governo concentrado, autoritário, que em nada fica atrás do absolutismo da monarquia.
  • O governo revolucionário alia assim uma política de inspiração democrática a um poder forte, liberto de todos os entraves que a monarquia não conseguira extirpar, completamente subordinado à noção da salvação pública, que é a forma moderna da razão de Estado. É esta a situação que se vive até ao 9 Termidor.