Em primeiro lugar, daquilo que a revolução empreendeu nem tudo perdurou. Esta desigualdade no êxito e na duração explica-se por diversas razões. A revolução nem sempre foi auspiciosamente inspirada; os seus projetos eram utópicos, por vezes verdadeiramente retrógrados. De facto, a revolução não está integralmente voltada para o futuro; alimenta também um sonho nostálgico da idade de ouro e das repúblicas de outrora. Esta parte de quimera não podia sobreviver à revolução. Ao invés, certas ideias, certas experiências, sofreram por estarem avançadas para o seu tempo.
Entre as inovações da revolução, muitas desaparecerão com a restauração, mas não para sempre, e poders-se-ia descrever quase toda a história do século XIX como a redescoberta progressiva das antecipações da revolução ou escrever a história da revolução como a de uma série de instituições proféticas e de prenúncios que apenas se realizarão meio século ou uma centúria mais tarde.
Interessa-nos o balanço positivo do que subsiste depois da tormenta revolucionária que se seguiu à revolução.