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  • Quando Napoleão procura fechar a Europa à Inglaterra, Portugal, ligado desde longa data à Inglaterra, recusa inverter as alianças e sujeitar-se aos decretos do bloqueio continental.
  • Nos finais de 1807, Napoleão envia então a Portugal um exército comandado por Junot, ao mesmo tempo que a dinastia de Bragança embarca para o Brasil, que, de uma situação de longínqua dependência de Lisboa, se torna a sede do governo e o centro do poder enquanto durar a hegemonia francesa na Europa. É assim que, com mais de um século de avanço, um governo europeu deixará o seu país para manter o princípio e a existência do Estado.
  • Estes anos serão para o Brasil anos de desenvolvimento: já não podendo contar com Portugal para as trocas comerciais, abre-se ao comércio britânico, criam-se escolas. Porém, terminada a guerra, retomando Portugal a sua independência, o Brasil não aceitará voltar a ser uma longínqua província sujeita às decisões de Lisboa. De resto, a família real prolonga a sua permanência, mas, em 1820, a vaga de agitação que percorre a Europa atinge Portugal e o rei vê-se obrigado a regressar a Lisboa para restabelecer a sua autoridade, deixando o seu filho D. Pedro como regente no Rio de Janeiro.
  • Entre Portugal e o Brasil, entre a metrópole e a colónia, entre pai e filho, rei e regente, os laços afrouxam e a separação efectua-se sem crise, tendo Portugal a inteligência, aconselhado pela Grã-Bretanha, que sobre ele exerce uma pressão amigável, de não pretender restaurar a antiga ordem das coisas. O regente D. Pedro proclama a independência do Brasil e toma-se o primeiro imperador constitucional.
  • Este império constitucional, instaurado em 1822, durará até 1888, data em que a república será proclamada, uma república de inspiração positivista, cuja divisa, Ordem e Progresso, é diretamente tomada de Auguste Comte.
  • Falta referir que a emancipação do Brasil marcou para o pequeno Portugal o princípio do desmoronamento de um imenso império colonial que abrangia a América, a África e a Ásia.