Cards (10)

  • Impõem-se três observações para compreender o alcance e o significado desta história.
  • Estes acontecimentos marcam o fim dos impérios coloniais da Europa na América. Depois do império francês (1763), do império britânico (1783), do império português (1822),o governo espanhol, resignado, reconheceráem 1836 a independência das antigas colónias, só conservando na América as ilhas de Cuba e de Porto Rico até que, graças aos Estados Unidos, estas obtenham a independência (1898).
  • O império espanhol desaparece, o império português dissolve-se, mas outros laços não políticos subsistem com uma cultura e uma língua comuns, o catolicismo e tudo aquilo que os Espanhóis resumem num termo vago, cuja imprecisão convém à diversidade dos laços, a «hispanidade».
  • Se a América Latina é libertada, esse sucesso incontestável paga-se durante muito tempo com um duplo malogro político: a falência da unidade e a instabilidade política.
  • Sob a fachada colonial, a América conhecera uma unidade de civilização e de governo. Com a independência, a unidade é quebrada, o antigo império espanhol divide-se numa vintena de fragmentos, incluindo as repúblicas da América Central, de dimensões muito desiguais, a maior parte das quais não têm condições de viabilidade. Mesmo a Grande Colômbia, que devia reunir o que é atualmente a Colômbia propriamente dita, o Equador, a Venezuela e a Bolívia, se fragmenta, marcando o fracasso de Bolívar, que pretendia ao mesmo tempo emancipar e unificar a América.
  • Pode estabelecer-seum paralelismo com a atual África negra, onde os antigos impérios coloniais se desagregaram em entidades demasiado pequenas para serem viáveis e constituírem Estados-nações.
  • Qual a razão deste malogro? Demasiado pouco povoado, demasiado vasto, com núcleos de população dispersos por quilómetros, rivalidades que opõem os países, a hostilidade da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, que não têm o menor interesse em encorajar a unidade e atuam sobretudo com vista ao desmembramento, este continente quase não conhece circunstâncias favoráveis à sua unificação política.
  • Data dessa época a dissimetria entre a poderosa união
    do Norte e a fragmentação da América do Sul. Esta desigualdade põe a América Latina à mercê do Norte e falseia, logo à partida, o próprio conteúdo do pan-americanismo, que mais não pode ser do que um instrumento da hegemonia política ou económica americana.
  • No plano das instituições políticas, o malogro é evidente, visto que nenhum destes Estados conseguirá criar instituições estáveis. Desde 1825, a história da América Latina é uma longa cadeia de golpes de Estado, de ditaduras, de revoluções.
  • Todos conhecem uma instabilidade política crónica.