As duas faces do liberalismo

Cards (3)

  • Se quisermos compreender e apreciar o liberalismo, não precisamos de escolher entre as duas interpretações, de optar entre a abordagem ideológica e a sociológica. As duas concorrem para definir a originalidade do liberalismo e para revelar um dos seus traços constituintes, esta ambiguidade que permite que o liberalismo pudesse ser, consecutivamente, revolucionário e conservador, subversivo e conformista.
  • É por o liberalismo ser um meio-termo que, perspetivado da direita, se afigura revolucionário e, considerado da esquerda, parece conservador. O liberalismo travou, sucessivamente, dois combates em duas frentes distintas: primeiro, contra o conservadorismo, o absolutismo; em seguida, contra o avanço de forças sociais, de doutrinas políticas mais avançadas do que ele próprio - radicalismo, democracia integral, socialismo.
  • Foi a conjugação do ideal e da realidade, a convergência de aspirações intelectuais e sentimentais, mas também de interesses bem palpáveis, que fez a força do movimento liberal entre 1815 e 1840. Reduzido a uma filosofia política, não teria, sem dúvida, mobilizado grandes batalhões; confundido com a defesa pura e simples de interesses, não teria suscitado sacrifícios desinteressados que chegaram ao sacrifício supremo.