O liberalismo transformou a Europa de 1815, umas vezes graças às reformas pela via da evolução progressiva, sem violência,- outras recorrendo à evolução por mutação revolucionária. Entre as duas formas, o liberalismo não encontra na sua doutrina razões para preferir uma à outra. Se puder evitar a revolução, regozija-se com isso. No entanto, tal só aconteceu raramente.
Foi apenas em Inglaterra, nos Países Baixos e na Escandinávia que o liberalismo transformou pouco a pouco o regime e a sociedade pela via das reformas. Em todos os outros países, forçado pela obstinada resistência dos defensores da ordem estabelecida que recusam qualquer concessão, o liberalismo recorreu ao modo revolucionário.
O espírito do século, o clima, a sensibilidade romântica, o exemplo da Revolução Francesa e a mitologia que dela emana apontam igualmente no sentido de soluções de tipo revolucionário. Uma das consequências do romantismo é a preferência sentimental pela violência.
Na primeira metade do século, o movimento liberal decompõe-se numa sucessão de vagas.