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  • Até agora, temos discorrido como se a democracia parlamentar fosse a forma acabada, a única expressão autêntica, da democracia. Ora, no século XX, os democratas estão longe da unanimidade neste ponto.
  • Escaldados pelas experiências recentes, propendem mais a opor a democracia ao parlamentarismo, uma vez que as instituições representativas evocam demasiado na sua memória o regime censitário e as câmaras estão demasiado marcadas pela restauração e pela monarquia de Julho, que lhes favorecem o florescimento.
  • Por isso, os democratas optam por uma democracia direta e autoritária, tanto mais que o passado fornece numerosas referências em apoio da assimilação da democracia a regimes autoritários. Prova-o a Revolução Francesa, cujo período mais democrático pela sua orientação política é o do governo revolucionário, em que a autoridade estava concentrada nas mãos de um punhado de homens.
  • É preciso ter presente que no século XIX se mantém aberta para o regime democrático a alternativa entre a forma representativa e parlamentar e a forma direta e autoritária.
  • O poder fundamenta-se no consentimento popular, mas no primeiro caso o povo soberano delega o seu poder em representantes pelo período de duração de uma legislatura, enquanto no outro confia-o a um executivo que evita as assembleias parlamentares. Existe assim um tipo de democracia plebiscitária, antiparlamentar, antiliberal, que associa a autoridade e o apoio popular e constitui, à sua maneira, uma forma de democracia.
  • O regime que Bismarck instaura na Alemanha unificada aproximar-se-ia desta concepção da democracia, uma vez que nele se encontram ao mesmo tempo um governo autoritário concentrado nas mãos de um chanceler, o sufrágio universal e a ausência de responsabilidade ministerial perante o parlamento.