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  • Na maior parte dos casos que acabamos de considerar, o poder público limitava-se a regulamentar, não indo o papel do Estado além do controle. Salvo se o carácter excepcional das circunstâncias o obrigasse a intervir, nunca se substituía à iniciativa privada.
  • Noutros domínios, porém, o progresso da tecnologia, pacífica ou militar, levou o Estado a tomar o lugar de uma iniciativa privada enfraquecida ou impotente. É o que se verifica nos países onde é antiga a tradição da dependência em relação ao poder público: em França, por exemplo, onde o colbertismo não tivera por única causa a vontade de poder da monarquia, mas também por justificação a carência de iniciativa privada. E o mesmo se passa nos países de despotismo esclarecido.
  • Nos séculos XIX e XX, o custo dos investimentos e a dimensão dos fundos iniciais das empresas sofrem um aumento tão rápido e tão considerável que os capitais privados nem sempre podem fazer-lhes face: só o orçamento público está em condições de suportar os indispensáveis sacrifícios.
  • Já para a construção dos caminhos de ferro nos países cuja economia era predominantemente agrária a dificuldade de mobilizar os capitais levou os poderes públicos a arcarem com os riscos maiores e a concederem aos interesses privados condições muito vantajosas: concessão de linhas e de redes, garantia de dividendos. E o mesmo se verifica quanto aos investimentos cuja rendibilidade a curto prazo é fraca ou aleatória.
  • Mesmo no país da livre iniciativa - os Estados Unidos -, a produção de energia nuclear e o desenvolvimento da indústria atómica foram um empreendimento do Estado. Num número crescente de sectores, as despesas atingem um tal nível que, de bom ou mau grado, o Estado vê-se obrigado a intervir: educação, saúde, habitação, investigação. O Estado moderno exerce numa escala alargada o mecenato dos príncipes de outrora.