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  • Max Weber foi, porém, mais longe, tentando mostrar que também a elaboração dos conceitos e os limites da busca das determinações causais são influenciados por aquelas «ideias de valor».
  • Quanto aos conceitos, ocupou-se essencialmente dos «ideal-tipos», que considerava como uma «forma de construção dos conceitos específica das ciências da cultura humana» (isto é: das ciências sociais) e que largamente utilizou como instrumentos teóricos privilegiados nas suas próprias investigações.
  • Definia os “ideal-tipo” como um «quadro de pensamento» que «reúne relações e fenómenos num cosmos não-contraditório de relações pensadas. [...] Obtém-se um ideal-tipo», dizia, «acentuando unilateralmente um ou vários pontos de vista e encadeando uma multiplicidade de fenómenos dados isoladamente, difusos e discretos, os quais se ordenam segundo aqueles pontos de vista escolhidos unilateralmente, a fim de conformar um quadro de pensamento homogéneo». Assim se construiriam, por exemplo, os ideal-tipos — ou seja: os conceitos — de civilização capitalista, etc.
  • Simplesmente, comentava Max Weber, «os fenómenos pelos quais nos interessamos só geralmente nos interessam em função das ideias de valor a que podemos reportá-los»; como, porém, «existe uma extrema variedade de "pontos de vista" sob os quais podemos considerar esses fenómenos como significativos», resulta daí que «se pode igualmente fazer uso dos princípios mais variados para selecionar as relações susceptíveis de entrarem num ideal-tipo».
  • E seria assim que, em razão de ideias de valor diferentes de diferentes investigadores, se poderiam, segundo Weber, construir diferentes conceitos (ideal-tipos) por exemplo de civilização capitalista, «cada um dos quais pode pretender representar a "ideia" de civilização capitalista e pode mesmo ter a pretensão — na medida em que efetivamente selecionou da realidade certas características, significativas pela sua particularidade, da nossa civilização - de as reunir num quadro ideal homogéneo».