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  • Esta revolução provoca alterações de vária ordem. Por um lado, o trabalho humano, a relação do homem com o seu trabalho, são profundamente afetados. Nem sempre há, como uma versão idealizada poderia fazer pensar, um aligeiramento do esforço físico exigido aos trabalhadores. Numa primeira fase, o trabalho industrial no século XIX é até mais penoso do que anteriormente.
  • A revolução industrial modifica igualmente as relações dos homens entre si. O maquinismo introduz, com efeito, nas estruturas tradicionais a subversão do mapa da indústria, que a partir de então se reagrupa — ou se desenvolve — em torno das fontes de energia ou de matérias-primas, junto das cidades, pois tem necessidade de uma mão-de-obra numerosa. A concentração geográfica e humana precipita a conjunção entre o fenómeno urbano e a atividade propriamente industrial.
  • De um modo geral, esta mão-de-obra vem do campo. Reúnem-se aqui dois fenómenos que se estudam muitas vezes separadamente: o crescimento da indústria, com a concentração da mão-de-obra à volta das manufacturas, fábricas e minas, e o êxodo rural, que esvazia progressivamente os campos da população que os congestionava.
  • Estes operários de origem rural que vão constituir os batalhões da nova indústria, que povoam as manufacturas, as oficinas, não são, no entanto, os herdeiros diretos dos companheiros da Idade Média ou dos artífices das corporações: constituem uma classe inteiramente nova, uma realidade social original, mesmo que os contemporâneos, na sua totalidade, não tenham tido uma consciência exacta do fenómeno.