Tanto como a divisão entre ricos e pobres ou a separação entre capitalistas e trabalhadores, a distinção entre rurais e citadinos é uma das linhas de clivagem decisivas da humanidade: diferencia géneros de habitat, tipos de relações entre pessoas e grupos, modos de vida.
Distinção qualitativa não significa separação total: entre cidade e campo existem trocas e comunicações de produtos, de ideias, de população. O que os campos perderam em homens com o êxodo rural ganharam-no as cidades: é mesmo essencialmente com o afluxo de habitantes dos campos que as aglomerações urbanas crescem, pois não conseguem normalmente assegurar a sua própria renovação.
Contudo, com o crescimento do fenómeno urbano desde há século e meio, as relações das cidades com o seu ambiente natural modificaram-se e ampliaram-se. Constituiu-se progressivamente um novo género de vida, cuja aparição e imitação se tornaram componentes fundamentais de hoje. Por isso, há lugar para medir a amplitude do fenómeno, decompor as suas etapas, investigar as suas causas e inventariar as suas formas e as suas consequências, tanto políticas como sociais.