À lista dos factores de ordem objectiva,económicos ou técnicos, convém juntar elementos de psicologia colectiva: apesar dos precedentes incitamentos, os candidatos à vida urbana teriam sido menos numerosos sem o atractivo da cidade.
Se alguns, para subsistirem, não tinham alternativa senão demandar a cidade em busca de trabalho, para outros a necessidade era menos premente.
Mas a cidade era para todos a esperança de um trabalho regular e remunerado, a fuga à irregularidade dos trabalhos agrícolas, à incerteza das colheitas, a entrada numa economia regulada pelo dinheiro.
Era também, por vezes, a miragem de uma vida mais fácil ou menos monótona, de um modo de vida mais variado, de distrações mais frequentes.
Era a evasão do quadro estreito e constrangedor da comunidade aldeã, a subtração aos laços de dependência hierárquica, para se perderem, ou se refugiarem, no anonimato da grande cidade.
No século XX, tal como no século XIX, em África ou na América Latina hoje, como ontem na Europa ou na América do Norte, a cidade moderna nasceu do entrecruzamento destes apelos e destas aspirações.