Caracteres do movimento das nacionalidades

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  • Este fenómeno compósito retira a sua unidade do fenómeno nacional.
    A Europa justapõe grupos linguísticos, étnicos, históricos, portanto de natureza e origem dissemelhantes, que se concebem como nações. Tal como o movimento operário nasceu simultaneamente de uma condição social, que constitui o dado objectivo do problema, e de uma tomada de consciência dessa condição pelos interessados, o movimento das nacionalidades pressupõe ao mesmo tempo a existência de nacionalidades e o despertar do sentimento de pertença a estas nacionalidades.
  • O fenómeno só conta como força, só se torna um princípio de mudança, a partir do momento em que se inscreve nas mentalidades e nas sensibilidades, quando é entendido como um dado de consciência, uma realidade cultural. Como tal, diz respeito à totalidade do ser, dirige-se a todas as faculdades do indivíduo, a começar pela sua inteligência.
  • Diz respeito à totalidade do ser, dirige-se a todas as faculdades do indivíduo, a começar pela sua inteligência. O movimento das nacionalidades no século XIX foi, em parte, obra de intelectuais, graças aos escritores que contribuíram para o renascimento do sentimento nacional, aos linguistas, filósofos e gramáticos, que reconstituem as línguas nacionais, as purificam, lhes dão as cartas de nobreza, aos historiadores, que procuram reencontrar o passado esquecido da nacionalidade, e aos filósofos políticos.
  • O movimento toca também a sensibilidade, talvez ainda mais do que a inteligência, e é certamente por isso que se torna uma força irresistível, que suscita uma tal exaltação.
  • Finalmente, faz intervir interesses, e voltamos a reencontrar as duas abordagens, ideológica e sociológica, conjugadas. De facto, os interesses actuam quando, por exemplo, o desenvolvimento da economia apela à superação dos particularismos, à realização da unidade.