Caracteres do movimento das nacionalidades II

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  • Assim, na origem deste movimento das nacionalidades confluem a reflexão, o impulso do sentimento e o papel dos interesses. Política e economia interferem estreitamente e é mesmo esta sua interação que faz a força de atração da ideia nacional, uma vez que, dirigindo-se ao homem na sua totalidade, pode mobilizar todas as suas faculdades ao serviço de uma grande obra a realizar, de um projecto com uma natureza capaz de exaltar as energias e arrebatar os espíritos.
  • Numa perspetiva mais vasta, em comparação com o liberalismo, a democracia e o socialismo, o movimento das nacionalidades cobre um período mais longo no tempo, estendendo-se por todo o século XIX, enquanto os outros três movimentos se sucedem nesse período. Os três fenómenos seguem-se uns aos outros, enquanto o movimento nacional é contemporâneo de todos eles. 
  • A esta primeira diferença no tempo junta-se uma outra no espaço. Enquanto o domínio do liberalismo se restringe durante muito tempo à Europa ocidental, todos os países — ou quase — conheceram crises ligadas ao fenómeno nacional, mesmo aqueles onde a unidade nacional era o culminar de uma história multissecular.
  • Quase todos se debatem com problemas de nacionalidades: a Grã-Bretanha, com a questão da Irlanda, que adquire uma gravidade crescente e se transforma num dramático problema interno. Se isto se verifica nos países da Europa ocidental, onde a unidade nacional é antiga, por maioria de razão há-de verificar-se quando nos deslocamos para leste, onde as fronteiras ainda são móveis, onde a geografia política não tomou a sua forma definitiva, onde as nacionalidades se procuram a si próprias e buscam uma expressão política.
  • A Itália e a Alemanha, para quem o século XIX é o século da sua unidade em construção, a Áustria-Hungria, os Balcãs…têm problemas de nacionalidades. Mesmo os países aparentemente mais pacíficos enfrentam problemas de nacionalidade. Fora da Europa, pode mencionar-se o nacionalismo dos Estados Unidos.