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  • O fenómeno nacional procede, no século XIX, de uma segunda fonte que deve muito pouco à revolução, que nada toma da democracia ou da liberdade: é o «historicismo», que inspira a tomada de consciência das particularidades nacionais. Se o nacionalismo saído da revolução está mais voltado para o universal, o historicismo acentua a singularidade dos destinos nacionais, a afirmação da diversidade, e propõe aos povos o regresso ao passado, a defesa dos seus particularismos, a exaltação da sua especificidade.
  • Esta segunda corrente está estreitamente ligada à redescoberta do passado, nomeadamente sob a influência do romantismo. Ao universalismo abstrato da revolução opõe as particularidades concretas dos passados nacionais, à abstração racionalista e geométrica da revolução opõe o instinto, o sentimento e a sensibilidade. Haurindo no conhecimento do passado e no culto das tradições, define-se pela história, pela língua e pela religião.
  • A história leva à redescoberta do passado, um passado anterior à revolução e mesmo aos tempos modernos. Pôde dizer-se do século XIX que foi o século da história e que o romantismo pôs em voga a cor histórica. Mas isto é apenas a expressão literária e artística de uma tendência mais profunda, de uma atitude relativamente nova do homem perante o passado do grupo a que pertence.
  • Ao mesmo tempo ressuscita-se a língua nacional, na qual não se vê somente um meio de comunicação, mas uma estrutura mental através da qual um povo conserva a sua alma.
  • No século XIX a língua toma um lugar crescente tanto nas investigações eruditas como nas lutas políticas. É muitas vezes por aí, principalmente para as nacionalidades eslavas do império dos Habsburgos, que se inicia o movimento nacional. Recuperam-se as epopeias nacionais, os cantos tradicionais, que são editados. As minorias voltam a falar a sua língua e recusam a do opressor, o que, bem entendido, as nacionalidades dominadoras não aceitam de bom grado. Por isso, a possibilidade de falar a própria língua torna-se um dos objetivos das batalhas políticas.
  • Obter o reconhecimento da própria língua em igualdade com a língua oficial na administração, perante os tribunais, no exército, nos meios de transporte, torna-se uma das reivindicações mais universais de todos os partidos nacionalistas. A língua constitui um dos pontos de apoio do sentimento nacional.