Auguste Comte e o Positivismo Francês

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  • Auguste Comte é o fundador do Positivismo como nós o conhecemos. Apesar da agudeza de seu pensamento epistemológico e amplitude de suas pretensões filosóficas, Comte é usualmente ridicularizado como filósofo em virtude de suas radicais e conservadoras posições políticas e de um desconcertante e grotesco sistema religioso criado no final de sua vida.
  • As ideias criadas ou sistematizadas por Comte se tornaram hegemônicas em vários países do mundo ocidental num período que se estendeu do meio do século XIX até o início do século XX, tendo gerado ainda depois escolas como o até hoje influente Positivismo Lógico. Sua desqualificação como filósofo é, essa sim, uma atitude superficial que implica numa grave lacuna na compreensão do pensamento e da história de nosso tempo.
  • Uma das pretensões metafísicas de que Comte não se deu conta em seu pensamento é da Lei dos Três Estágios, na qual se propõe uma lei universal dos processos históricos e psicológicos pelos quais passariam todas as sociedades, todas as ciências e mesmo todos os seres humanos.
  • Os estágios: o Teológico, onde o homem vê os fenómenos como produtos da ação direta de entidades sobrenaturais; o Metafísico, onde os fenómenos são explicados em função de essências ou forças abstratas; o Positivo, que é o científico experimental, onde: o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia procura da origem e o destino do universo, a conhecer as causas íntimas dos fenómenos, para preocupar-se só em descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio e da observação, as suas leis efetivas, suas relações invariáveis de sucessão e de similitude.
  • Diz Comte e os positivistas, que o verdadeiro espírito positivo se atém à observação dos fatos, limitando-se a raciocinar sobre eles somente para procurar as relações invariáveis entre os fenómenos, as leis que os regem.
  • Na esteira de Kant, Comte rejeita as pretensões metafísicas da razão e condena a metafísica ao reino da fantasia. Isto também está expresso nesta significativa passagem da mesma obra: ".... caráter fundamental da filosofia positiva é tomar todos os fenómenos como sujeitos à leis naturais invariáveis, cuja descoberta precisa e cuja redução ao menor número possível constituem o objetivo de todos os nossos esforços, considerando como absolutamente inacessível e vazia de sentido para nós a investigação das chamadas causas, sejam primeiras, sejam finais."
  • Como herdeiro do Empirismo, o Positivismo considera que a única base verdadeira para o conhecimento é a observação, a experiência. Devemos sistematizá-la, submetê-la a regras experimentais, trabalhá-las com o raciocínio; porém, é a experiência a fonte última do conhecimento. É John Stuart Mill quem vai sistematizar de forma clara a lógica da ciência positivista.