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  • Como vimos, o positivismo teve origem na filosofia materialista do Iluminismo. Enquanto movimento filosófico e sociológico, o positivismo assumiu uma série de significados diferentes, que incluíam a crença na ciência como fundamento de todo o conhecimento (cientificismo, como tem sido chamado), o emprego da análise estatística na teoria social, a procura de explicações causais dos fenómenos sociais e as leis fundamentais da mudança histórica ou da natureza humana.
  • Mas o positivismo iluminista do século XVIII era essencialmente crítico e revolucionário, os seus princípios fundamentais do individualismo filosófico e da razão humana dirigiam-se em grande medida contra os poderes irracionais do Estado Absolutista, da religião organizada e das instituições sociais residuais. As instituições, argumentava-se, deveriam estar de acordo com os princípios da razão. O conhecimento só é adquirido através da experiência e da investigação empírica: a realidade não pode ser compreendida através de Deus.
  • A transformação deste positivismo crítico no positivismo sociológico do século XIX ocorreu na França pós-revolucionária. Desde o seu início, opôs-se ao atomismo individualista da filosofia iluminista. É necessário sublinhar que, à exceção de Montesquieu e Ferguson, o pensamento social do século XVIII não conseguiu desenvolver uma teoria da sociedade como sistema e estrutura objetiva.
  • Uma teoria da sociedade como uma totalidade é fundamental para a sociologia como ciência empírica independente; a relação das partes com o todo constitui o axioma metodológico que orienta a investigação sobre o papel social e as funções de instituições como a religião e a família. Era precisamente este conceito que não podia desenvolver-se num quadro atomístico racionalista.
  • A filosofia iluminista tinha minimizado o significado das instituições rotuladas de irracionais. O problema da continuidade na mudança não podia ser colocado adequadamente dada a ênfase predominante na perfeição e no progresso humanos. As instituições ditas irracionais como religião, formadas no passado histórico não podiam ser conceptualizadas na sua relação ativa com o presente: carecendo de um conceito de sociedade como um todo o pensamento racionalista definia as ideias religiosas como periféricas e residuais, não exercendo qualquer papel significativo e positivo na manutenção da sociedade