Dois aspectos concorrem para justificar que a nossa atenção incida prioritariamente sobre os acontecimentos que se desenrolam na Europa.
Por um lado, é na Europa que se realizam as transformações mais decisivas, as que mudam a sociedade, que modificam a existência. É também na Europa que nascem as grandes correntes de ideias, que surge a revolução técnica, a transformação económica, a experiência política, que são outras tantas forças novas. O ritmo da história é aqui mais rápido do que nos demais continentes, que, em comparação, parecem imóveis e como que adormecidos no respeito por tradições milenárias. A sua história quase não se renova; a da Europa, pelo contrário, desenrola-se sob o signo da novidade.
Por outro lado, o que se passa na Europa repercurte-se no mundo inteiro.
O inverso não é verdadeiro, pelo menos no século XIX. Aliás, falando da Europa, somos levados a falar indiretamente dos outros continentes, na medida em que os acontecimentos da Europa tiveram repercussões em África ou na América, onde a influência da sua história não se confina aos limites do continente, mas transborda-os de longe até cobrir quase a universalidade do Globo. A Europa, no século XIX, não está isolada, estende a sua ação ao mundo inteiro.
A Europa, no século XIX, não está isolada, estende a sua ação ao mundo inteiro. Este é um facto capital ao qual convém voltar para lhe medir o alcance e decifrar-lhe o significado.