A iniciativa europeia e as suas causas

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  • O facto de a ação da Europa não se limitar às suas fronteiras, de a sua influência ultrapassar largamente os seus limites geográficos, de se lançar ao encontro do mundo, tomando a iniciativa de estabelecer relações duráveis entre os diversos continentes, constitui um fenómeno relativamente singular.
  • Com efeito, se hoje esta orientação pode parecer-nos natural, descobre-se, ao examiná-la, que nenhuma necessidade, nenhuma fatalidade, predestinavam a Europa a tomar a iniciativa das relações com o resto do mundo: muito pelo contrário, múltiplos factores teriam podido jogar em sentido inverso. A Europa estava longe de ser o continente mais vasto. Tão-pouco era o mais populoso. A avaliar pelo peso das massas humanas, era da Ásia que poderiam ter partido as grandes correntes migratórias. A Europa nem sequer tinha a seu favor o facto de ter a civilização mais antiga.
  • Tudo — superfície, população, história — parece, portanto, jogar contra a Europa.
  • Na realidade, se se recuar bastante no passado, descobre-se que foi assim que as coisas se passaram no princípio. As invasões vieram da Ásia. Só nos tempos modernos as correntes se invertem. Desde o século XVI, o fenómeno das invasões da Europa não volta a repetir-se. A última é a dos Otomanos.