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  • Ao lado da colonização declarada e da penetração económica, a europeização exerceu-se de uma maneira muito mais difusa pela exportação de homens.
    A Europa exportou-os para as suas colónias, mas só uma minoria para lá emigrou. Colónias de exploração mais do que colónias de povoamento, a presença europeia reduz-se aos quadros, principalmente militares, administrativos, técnicos, comerciais; no total, alguns milhões de indivíduos.
  • É, portanto, para outros territórios que a Europa dirigiu a emigração ultramarina, que, no século XIX, é um dos grandes fenómenos demográficos da história do mundo.
  • Este movimento de emigração deve ser relacionado com o crescimento demográfico. Entre 1815 e 1914, a população da Europa mais do que duplicou. Em 1800 estima-se em 187 milhões; em 1900 ultrapassa os 400 milhões, tendo aumentado 214 milhões numa centena de anos. Todavia, estes dois números traduzem apenas uma parte do fenómeno, visto que seria necessário ter em conta todos aqueles que foram estabelecer-se noutros lugares para terem uma visão global do crescimento demográfico.
  • A Europa parece superpovoada. Mas a noção de superpovoamento é uma noção essencialmente relativa; não é possível defini-la através de números absolutos. Um país, um continente, só são superpovoados em relação às suas possibilidades alimentares, económicas. Se a Europa parece superpovoada no século XIX, é porque no estado da sua agronomia não está em condições de alimentar mais bocas e porque, tendo em conta o desenvolvimento da sua indústria, não pode oferecer trabalho a mais braços. Os efeitos desta explosão demográfica são agravados pelo maquinismo, que gera o desemprego tecnológico.
  • As consequências sociais, já evocadas, deste crescimento demográfico — pauperismo, desemprego crónico, redução dos salários — induzem uma parte da população europeia a procurar uma saída na emigração, com a esperança de encontrar noutro lugar a terra, o trabalho, a forturna, a liberdade que a Europa lhe recusa.
  • Deste modo, o grosso da emigração europeia vai compor-se principalmente de camponeses sem terra, de operários sem trabalho, de burgueses arruinados.
    As grandes vagas de emigração coincidem com as crises económicas que atingem a Europa: os países que deram a este movimento de emigração a contribuição mais substancial são os mais castigados pelo desemprego e pela miséria.
  • Contudo, alguns partiram por razões mais ideológicas. A par da emigração maciça da miséria, há uma emigração minoritária da consciência ou da recusa, aqueles que se expatriam devido às suas convicções religiosas, políticas, ideológicas. Se os Irlandeses são tão numerosos a deixar a sua ilha, é principalmente por causa da miséria e da fome decorrentes da doença da batata, mas também porque os católicos estão sujeitos ao domínio dos protestantes.