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  • Por toda a parte, quer se trate de colónias ou de Estados independentes, os Europeus fundaram sociedades semelhantes, em todos os aspectos, às do continente de origem. Aquilo que se designa por «novas Europas» são outras tantas réplicas da Inglaterra, da França, da Itália ou da Espanha.
  • De facto, estes europeus, que deixam os respetivos países sem ideia de voltarem, levam consigo o seu estilo de vida, as suas instituições, os seus costumes, os seus gostos, os seus hábitos, a sua religião e implantam-nos no lugar para onde vão. Não obstante, emigrando da Europa para fugirem ao despotismo ou à desigualdade das condições, pretendem fundar sociedades que assentem na liberdade e na igualdade.
  • Assim, estas sociedades procedem da Europa, assemelham-se-lhe, mas também se diferenciam dela. É este seu duplo carácter de semelhança e de originalidade que torna interessante o estudo das novas Europas, em primeiro lugar da sociedade americana.
  • Pouco a pouco, estas sociedades desligam-se das metrópoles, afrouxam os laços, mesmo políticos, quando se trata de uma colónia. É o que explica a evolução do império britânico, tendo o governo inglês a sensatez de aceitar este afrouxamento progressivo dos laços, primeiro, com a atribuição do estatuto de domínio, que comporta o autogoverno ou a autonomia, e, mais tarde, com o estatuto de Westminster, em 1931, que reconhece a independência completa, a igualdade absoluta, a soberania.
  • Nestas novas Europas captam-se os dois efeitos simultâneos e contrários da expansão europeia. Por um lado, alarga a influência da Europa. É o triunfo da Europa como civilização. Todas as sociedades vão imitar as suas instituições, os seus valores, os seus princípios políticos, os seus costumes. Mas, por outro lado, a dominação da Europa provoca resistências, suscita invejas: é já o prenúncio, o pressentimento, do recuo da Europa, já não como civilização, mas como dominação, como potência política.
  • A influência da Europa exerceu-se, no século XIX, por múltiplas vias e assumiu formas muito diversas. Estendeu-se ao mundo inteiro, pelo que somente algumas regiões remotas escaparam à sua influência, continuando a viver à margem das trocas. Com excepção destes territórios marginais, pode dizer-se, nas vésperas de 1914, que a Europa está presente em toda a parte e a sua influência se estendeu aos confins da Terra.