Consequências culturais III

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  • Nos países que não tinham língua nacional ou tinham várias, a língua do colonizador torna-se a língua nacional.
  • Deste modo, as línguas europeias tornam-se ao mesmo tempo línguas universais. O inglês, o francês, o espanhol, o português, são falados no mundo inteiro e fazem com que o Europeu não se sinta deslocado fora da Europa, que tenha a sensação de estar no seu país onde quer que se encontre.
  • Seria necessário recordar a influência do ensino secundário, dos colégios ou das missões laicas. Para o ensino superior não existem, na generalidade dos casos, universidades nas colónias, pelo que os estudantes vêm fazer os seus estudos superiores na Europa.
  • A irrupção da cultura europeia teve como consequência a desnacionalização dos quadros sociais, políticos e intelectuais das colónias e a sobreposição aos povos de uma elite ocidentalizada, ela mesma dividida entre a cultura tradicional, que, à míngua de meios, perde a sua vitalidade, e uma cultura estrangeira importada. Operam-se misturas que sintetizam uma cultura anglo-indiana, uma cultura franco-asiática, uma cultura franco-africana.
  • Através da evangelização, o Ocidente oferece a sua ou as suas religiões, as diferentes variantes do cristianismo, catolicismo ou protestantismo. A sua penetração é muito desigual segundo as regiões e também segundo a religião dominante antes da chegada dos missionários. O cristianismo praticamente não consegue penetrar no campo do islão, mas sim nas populações animistas da África negra.
  • A ação da Europa repercute-se no plano religioso ainda de outra forma.
    Leva consigo a sua distinção tradicional entre sociedade civil e sociedade religiosa. O islão não separa as duas ordens. O direito canónico — ou religioso — confunde-se com o direito civil. Esta distinção que a Europa transporta implica uma progressiva secularização das sociedades, dos costumes, das civilizações, que acabará mesmo numa laicização de uma parte das elites que se desligam das crenças tradicionais.
  • Assim, a colonização esteve na origem de um fenómeno de secularização comparável ao que a Europa conhece na mesma época.