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  • Assim o mundo acostumou-se à expulsão e matança compulsórias em escala astronômica, fenómenos tão conhecidos que foi preciso inventar novas palavras para eles: "sem Estado" ("apátrida") ou "genocídio".
  • A primeira enxurrada de destroços humanos foi o mesmo que nada diante do que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, ou da desumanidade com que foram tratados.
  • Não havia refugiados apenas na Europa. A descolonização da Índia em 1947 criou 15 milhões deles, obrigados a cruzar as novas fronteiras entre a Índia e o Paquistão (nas duas direções), sem contar os 2 milhões mortos na guerra civil que se seguiu. A Guerra da Coréia, outro subproduto da Segunda Guerra Mundial, produziu talvez 5 milhões de coreanos deslocados.
  • Em resumo, a catástrofe humana desencadeada pela Segunda Guerra Mundial é quase certamente a maior na história humana. O aspecto não menos importante dessa catástrofe é que a humanidade aprendeu a viver num mundo em que a matança, a tortura e o exílio em massa se tornaram experiências do dia-a-dia que não mais notamos.
  • Estimou-se que em maio de 1945 havia talvez 40,5 milhões de pessoas desenraizadas na Europa, excluindo-se trabalhadores forçados dos alemães e alemães que fugiam diante do avanço dos exércitos soviéticos. Cerca de 13 milhões de alemães foram expulsos das partes da Alemanha ocupadas pela Polónia e a URSS, da checoslováquia e partes do Sudeste europeu onde haviam sido assentados. Foram absorvidos pela nova República Federal da Alemanha, que ofereceu um lar e cidadania a qualquer alemão que voltasse para lá, como o novo Estado de Israel ofereceu um "direito de retorno" a qualquer judeu.
  • A Primeira Guerra Mundial levou à matança de um incontável número de armênios pela Turquia, que pode figurar como a primeira tentativa moderna de eliminar toda uma população. Foi seguida depois pela mais conhecida matança nazis de cerca de 5 milhões de judeus — os números permanecem em disputa.
  • A Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa forçaram milhões de pessoas a se deslocarem como refugiados, ou por compulsórias "trocas de população" entre Estados, que equivaliam à mesma coisa. Numa estimativa por cima, os anos 1914-22 geraram entre 4 e 5 milhões de refugiados.