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  • O caso das causas dos grandes acontecimentos é um caso particular de um problema que já encontrámos mais de uma vez. Quer se trate de revoluções ou de guerras, metodológica e filosoficamente, o problema é o mesmo: como pode algo de novo sair do antigo? Como se passa de um estado de coisas a outro, de um regime a uma revolução, de um estado de paz internacional a um conflito?
  • As origens são múltiplas.
  • Algumas causas são circunstanciais e imediatas. São aquelas que uma análise propriamente cronológica põe em evidência. A conflagração do mês de Agosto de 1914 resulta da crise diplomática que estalou no dia 28 de Junho de 1914, com o atentado de Sarajevo. E reconstituir o encadeamento dos acontecimentos que conduz do assassínio do arquiduque Francisco Fernando à declaração de guerra é uma primeira maneira de responder à questão. É a crise do Verão de 1914, crise militar e diplomática.
  • Mas não passa de uma resposta provisória, pois, se o acidente de 28 de Junho desencadeou tais consequências, foi porque surgiu num contexto portador das virtualidades de guerra. Noutras alturas, o mesmo acidente teria emocionado a opinião pública, mas não teria tido consequências graves. Ele veio juntar-se a um conjunto de factores anteriores. São as causas preexistentes, as engrenagens e os mecanismos desta máquina infernal que é necessário desmontar.