As origens da guerra III

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  • A segunda explicação é de ordem económica: a guerra teria resultado da conjuntura e da inadequação das estruturas. A economia alemã estava em plena expansão. Um desenvolvimento contínuo era para ela uma necessidade vital. Os seus enormes investimentos deviam ser amortizados. A sua rendibilidade exigia que a Alemanha encontrasse novos mercados. A sua política comercial estava integralmente orientada para a conquista dos mercados externos. A rivalidade económica entre as velhas potências coloniais e a Alemanha provoca toda a espécie de conflitos, desde a China até Marrocos.
  • Ao mesmo tempo que procura abrir mercados para si, a Alemanha fecha-se ao comércio externo. É o que a distingue da Grã-Bretanha.
  • A economia britânica não era portadora do germe de guerra, pois assentava no liberalismo e na reciprocidade das trocas. A Inglaterra renunciou ao proteccionismo em 1846 e aboliu, em 1849, o Acto de Navegação. A Alemanha, pelo contrário, conjuga uma política de exportação, análoga à da Grã-Bretanha, com uma política de encerramento do seu mercado interno, associando o monopólio do mercado nacional à conquista do mercado externo. É uma política plena de contradições que a leva a entrar em conflito com outras potências.
  • Nos anos que precedem 1914, a opinião pública tem o sentimento de estar cercada e de sufocar. É grande a tentação de vencer a concorrência pela força e de abrir por meio da guerra os espaços que se fecham. A guerra de 1914 teria então decorrido directamente do imperialismo económico, o que ilustraria a tese clássica do marxismo-leninismo, para o qual o estádio último do capitalismo é levado à guerra para sobreviver.
  • Qual é o valor deste esquema explicativo? Todos os trabalhos dos historiadores reduzem-lhe o alcance. É demasiado sistemático: a economia alemã não estava em dificuldades, nada tornava inevitável o recurso à guerra. Outras possibilidades se lhe ofereciam. Não é verdade que à economia alemã restasse apenas a alternativa da guerra.
  • É forçoso levar em linha de conta um conjunto de factores diferentes, políticos, militares e psicológicos.