A extensão geográfica

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  • A duração vai ter, como primeira consequência, a extensão no espaço. É em parte porque a guerra se prolonga e ameaça eternizar-se que os dois sistemas diplomáticos e militares adversos tentam atrair aqueles que se mantêm na expectativa: os neutros.
  • De repente, a guerra tomou proporções insólitas, consequência direta do sistema da paz armada. O jogo dos compromissos, que as alianças comportam, envolve nas primeiras semanas numerosos países no conflito.
  • Constituem-se duas coligações. De um lado — enumerando os países pela ordem em que a guerra os atinge —, a Sérvia, objeto do ultimato austríaco e da declaração de guerra; o pequeno reino de Montenegro; a Rússia, aliada da Sérvia; a França, porque é aliada da Rússia e porque é intimada pela Alemanha a pronunciar-se claramente; em seguida, a Bélgica, logo que o rei Alberto recusou ceder ao ultimato alemão; a Grã-Bretanha, devido à invasão belga, e o império britânico, assim como as colónias francesas. Estes países representam na Europa aproximadamente 240 milhões de homens.
  • No outro campo, os dois impérios centrais, Áustria-Hungria e Alemanha, não alinham mais do que 120 milhões.
  • Há, assim, de início, uma grande desigualdade numérica entre as duas coligações. Mas a força militar de um país não é só função do número, é a resultante de numerosos factores e, entre outros, da capacidade para mobilizar homens, do grau de poderio económico.
  • Deste ponto de vista, os 240 milhões que constituem a Entente pertencem a sociedades muito desiguais. Por outro lado, os impérios-centrais, devido à sua posição geográfica, dispõem de uma vantagem estratégica considerável, a possibilidade de deslocarem as forças de uma frente para a outra, enquanto a Entente está dividida entre duas frentes que não comunicam entre si.
  • Assim, desde os primeiros dias de Agosto de 1914, as cinco grandes potências — Alemanha, Áustria, Rússia, França, Grã-Bretanha -, aquelas cujo acordo constituía o que a linguagem diplomática tradicional designava por «concerto europeu», reuniram-se na guerra pela primeira vez desde 1815. Até então, os conflitos nunca tinham oposto senão dois ou três destes países entre si, e nunca todos juntos.
  • 1914: é a primeira vez, desde o fim das guerras napoleónicas, que toda a Europa se precipita na guerra. As coisas não ficaram por aí. Sob a influência de vários factores conjugados, o conflito vai alastrar rapidamente.