As transformações territoriais

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  • As consequências mais visíveis e que advêm directamente das operações militares são as transformações territoriais. Elas são consideráveis. O mapa da Europa sai profundamente modificado.
  • A Conferência da Paz inicia-se em Paris em Janeiro de 1919. Estão representados vinte e sete países. São demasiados para permitirem uma negociação eficaz e rápida. Não tarda a constituir-se um organismo mais restrito, chamado o Conselho dos Dez — os dez países que tiveram o papel mais importante na guerra.
  • Acima deste Conselho dos Dez, o Conselho dos Quatro: Estados Unidos, Inglaterra, França e Itália, reduzidos por algum tempo a três devido à saída do presidente do Conselho italiano, Orlando: o presidente dos Estados Unidos, Wilson, o primeiro-ministro britânico, Lloyd George, o presidente do Conselho francês, Georges Clemenceau. Foi o Conselho dos Quatro que tomou as decisões capitais e arbitrou os diferendos entre pretensões rivais.
  • O Tratado de Versalhes é o mais conhecido, mas não é o único: é seguido por um cortejo de tratados que põem fim à guerra com os aliados da Alemanha, com os seus herdeiros ou com as potências balcânicas. Ex: o Tratado de Saint-Germain com a Áustria.
  • O ano de 1920 é data de referência: é o momento em que todos estes tratados (feitos durante a Conferência da Paz) começam a ser aplicados.
  • Estes tratados consagram a derrota dos grandes impérios. Quatro impérios desaparecem ou são substancialmente amputados: é uma mudança de primeira grandeza. É necessário recuar ao Congresso de Viena para encontrar algo de equivalente à transformação territorial de 1919-1920.
  • A Áustria-Hungria deixa de existir. Áustria e Hungria, até então ligadas por um laço dinástico, são separadas. As nacionalidades submetidas constituem outros tantos Estados nacionais. É, simultaneamente com o fim do dualismo, a desagregação do império dos Habsburgos. As forças centrífugas prevalecem sobre a coesão: a série de tratados consagra a emancipação das nacionalidades.
  • A Roménia sai engrandecida: as províncias da Moldávia e da Valáquia, que tinham obtido a independência no Congresso de Paris (1856), uniram-se e, depois, formaram o reino da Roménia. Este ampliou-se na direção oeste, para a Transilvânia, para lá dos Cárpatos, em detrimento da Hungria, na direcção do Nordeste, da província de Bessarábia, separada da Rússia, e na direção sul, da Dodruja, disputada pela Bulgária e pela Roménia. A Roménia é uma das grandes beneficiárias da paz.
  • Nasce uma grande Sérvia, que reúne o reino da Sérvia, o reino de Montenegro, a Bósnia e a Herzegovina, que eram, desde 1878, uma espécie de mandato austríaco, a Macedónia. Tudo isto constitui o grande reino da Jugoslávia, unindo os Sérvios, os Croatas e os Eslovenos.
  • No Norte dá-se o nascimento do Estado checoslovaco, que reúne o antigo reino da Boémia, a Eslováquia e a Ruténia sul-carpática.
  • Três Estados consideravelmente aumentados ou mesmo completamente criados, ao lado de uma Áustria reduzida à expressão mais simples e de uma Hungria amputada de minorias passadas para o domínio dos Eslavos. É a fragmentação da Europa danubiana.