As transformações territoriais III

Cards (6)

  • Assim, no plano territorial e sem nada adiantar quanto a outras mudanças políticas, económicas ou sociais, a guerra, sancionada pelos tratados de 1919-1920, provoca o desmembramento de dois grandes conjuntos históricos - Áustria e Império Otomano — e a multiplicação dos Estados — são criados ou reconstituídos a Polónia, a Checoslováquia, a Finlândia, os Estados bálticos — sem contar com os que aumentam a sua área territorial, como a Roménia e a Sérvia.
  • Se examinarmos os princípios a que obedeceram os negociadores e que estão expressos, preto no branco, nos tratados, é o triunfo do movimento das nacionalidades. É o corolário da série de impulsos que, em 1830, 1848, 1860, tinham pouco a pouco libertado as populações oprimidas e unificado nacionalidades separadas. A Itália recupera as terras irredentas, as nacionalidades eslavas emancipam-se, plebiscitos permitem aos povos pronunciarem-se livremente.
  • Sem dúvida, subsistem ainda minorias, mas menos numerosas do que antes de 1914, e são agora as nacionalidades dominadoras do passado que estão submetidas aos seus antigos vassalos: as minorias húngaras, na Checoslováquia, na Transilvânia romena ou na Jugoslávia.
  • Quando se passa do quadro do Estado-nação para conjuntos mais vastos, as soluções territoriais marcam o recuo do germanismo e o progresso dos Eslavos.
    A maior parte dos novos Estados são eslavos: Polónia, Checoslováquia, Jugoslávia. O equilíbrio das forças e dos blocos étnicos modificou-se profundamente no interior da Europa.
  • Se procurarmos descobrir a resultante no que respeita à hegemonia política e militar, tudo concorre para a primazia da França. Foi a França que ganhou a guerra. O exército francês impôs-se como o primeiro da Europa e do mundo. São as instituições da França que a maioria dos novos Estados copiam: a Checoslováquia, a Polónia e ainda outros países adoptam constituições inspiradas no modelo político da França. Na sua maior parte, esses Estados são seus aliados e seus clientes.
  • Para manter a continuidade do Tratado de Versalhes, a França apoia-se na barreira oriental que rodeia os países vencidos. Todos esses países devem o seu renascimento ao exército e à diplomacia franceses.