As destruições económicas

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  • O balanço adiciona ao mesmo tempo as ruínas acumuladas pelas operações militares, a destruição de riquezas, a perda de substância, nomeadamente nos países ocupados e naqueles que foram o teatro de operações de guerra.
  • O balanço associa, paradoxalmente, às ruínas uma economia orientada para a guerra, superequipada e cuja reconversão é problemática. Em quatro anos, os beligerantes devoraram, dissiparam, em despesas improdutivas, uma soma considerável de trabalho, de recursos e de capitais, que está na origem do défice orçamental. Para fazerem frente a estas despesas extraordinárias, todos os governos pediram emprestado e o peso da dívida aumentou em proporções consideráveis. Dívida interna e também dívida externa.
  • O problema das dívidas interaliadas pesará nas relações entre os Europeus e os Estados Unidos: no fim de 1932, um governo francês será derrubado pelo parlamento porque se propunha honrar o compromisso dos seus antecessores e pagar aos Estados Unidos a fração da dívida na data de vencimento que se aproximava. Ao mesmo tempo que pediam emprestado, os governos recorriam à emissão de papel-moeda, o que provocou uma inflação sem equivalente conhecido no século XIX.
  • A guerra deixa ao Estado, além do fardo das dívidas, vítimas da guerra. Os governos adoptam o princípio de que as vítimas da guerra têm direito à solidariedade da nação. Estes direitos não tardam a ser materializados pela carta de antigo combatente, o estabelecimento de pensões, sob formas que variam de país para país: nos Estados Unidos chamam-lhe bónus, em França, reforma dos antigos combatentes.
  • As vítimas de guerra são muito numerosas. A sua administração exige a constituição de um departamento ministerial especial. Na sua maior parte, os países ex-beligerantes passam a ter um ministério das pensões, dos antigos combatentes ou das vítimas da guerra. Anualmente, uma parte apreciável do orçamento público é destinada ao pagamento das pensões de guerra.
  • A estes encargos ordinários que incidem sobre todos os antigos beligerantes juntam-se, no caso dos vencidos, as reparações. Os aliados conseguiram fazer inscrever no Tratado de Versalhes o reconhecimento pela Alemanha da sua culpabilidade: é neste artigo que se fundamentam para legitimarem as suas exigências na matéria.
  • A Alemanha faltou às obrigações impostas, o que colocou em dificuldade a tesouraria dos vencedores, que contavam com as reparações para liquidarem as dívidas e que tinham contraído depesas a custear pelas tesourarias francesa ou britânica. É uma das origens das graves crises financeiras que vão abalar a estabilidade das moedas europeias, provocar a sua desvalorização e o aumento dos preços na Alemanha e em França.