Dificuldades entre os vencedores

Cards (11)

  • Rivalidades opõem os vencedores entre si. Um dos casos mais nítidos é o do conflito entre a Itália e a Jusgolávia no Adriático. O conflito entre os dois países, que estão ambos do lado dos vencedores, só será resolvido em Novembro de 1920.
  • A Grã-Bretanha enfrenta um recrudescimento do nacionalismo irlandês. Entre 1919 e 1923, a Grã-Bretanha tem de combater uma insurreição que imobiliza, na Irlanda, uma parte das suas tropas.
  • Os vencedores, mesmo os grandes, aqueles que, na Conferência da Paz, tinham decidido da sorte da Europa e arbitrado as divergências entre nações secundárias, estão desavindos. Os Estados Unidos retiraram-se. Sabe-se que a constituição de 1787 estipula que os tratados devem ser ratificados pelo Senado, por maioria de dois terços. Senado rejeitou o Tratado de Versalhes e recusou confirmar os compromissos assumidos pelo presidente para com a França e a Grã-Bretanha.
  • Os Estados Unidos deixam a Europa entregue a si própria e às suas dificuldades. A América regressa ao isolacionismo e à neutralidade tradicionais.
  • As divergências acentuam-se, azedam-se entre a França e a Grã-Bretanha, deixadas frente a frente pela retirada dos Estados Unidos. A França, que sai ferida da guerra, está ávida de segurança. Resolvida a fazer a Alemanha pagar, tenciona aplicar à letra o Tratado de Versalhes. É a chamada política de execução.
  • A Grã-Bretanha continua fiel à sua política tradicional de equilíbrio continental na Europa. A Alemanha está vencida, a França vitoriosa. É próprio da física das relações internacionais que o governo e a opinião pública britânicos desconfiem mais da França que da Alemanha. Com razão ou sem ela, os políticos e os economistas britânicos temem que a França se aproveite da situação para instaurar uma hegemonia continental: inclinam-se, portanto, a suavizar o rigor das exigências e a ajudar a Alemanha a reerguer-se.
  • A Grã-Bretanha mostra-se tão desejosa de proporcionar à Alemanha grandes facilidades de pagamento, de lhe consentir moratórias, quanto o governo francês insiste na exigência do pagamento das indemnizações.
  • A França esbarra na vontade da Alemanha, que invoca impedimentos materiais. Decide-se então, em Janeiro de 1923, a ocupar o Rur. Uma vez que a Alemanha se recusa a honrar os compromissos, a França ocupa a região mais produtiva, transformando-a num penhor.
  • A ocupação de Rur é um pouco o equivalente daquilo que as grandes potências europeias tinham outrora praticado em relação ao Egipto, ao Império Otomano ou à China. É aplicar a uma grande potência europeia, vencida de ontem, o procedimento que a Europa utilizara outrora em relação a países não europeus. Mas a França faz de cavaleiro solitário. Com excepção da Bélgica, que participa na ocupação do Rur, a Grã-Bretanha desaprova-a e os Estados Unidos também.
  • A ocupação do Rur enfrenta grandes dificuldades diplomáticas. Esbarra na resistência passiva do governo, dos industriais, da população da Alemanha.
    Contudo, a França, após alguns meses, consegue voltar a pôr em actividade a bacia do Rur, quebrar a resistência. No Outono de 1923, o governo alemão reconsidera e declara-se pronto a reatar as negociações e a pagar as reparações.
  • Eis um breve resumo das dificuldades e das dissensões que envenenam as relações internacionais.