Cards (6)

  • Estas convulsões, que abalam bruscamente uma economia que parecia ter reencontrado o segredo da prosperidade, tiveram, a breve trecho, consequências propriamente políticas que podem reduzir-se a dois tipos: os efeitos psicológicos na opinião pública, as consequências na estrutura do governo e a organização dos poderes.
  • Em primeiro lugar, as consequências psicológicas. A opinião pública perde confiança nas instituições democráticas, que identifica com o capitalismo, e na inspiração liberal da democracia parlamentar. Amplos sectores da opinião pública europeia tornam-se disponíveis para o aventureirismo e prontos a escutar os apelos de agitadores. Não há dúvida de que o nacional-socialismo recrutou nas massas de desempregados uma parte das suas tropas.
  • Em primeiro lugar, as consequências psicológicas (2): Não significa isto que o nacional-socialismo tenha saído diretamente da crise económica; a cronologia contesta este tipo de explicação, visto que a grande crise só atinge a Alemanha em 1930, num momento em que Hitler já está na posse do seu sistema, já constituiu o seu partido e conta com centenas de milhares de adeptos.
  • Em primeiro lugar, as consequências psicológicas (3): O nacional-socialismo não sai da crise, e o mesmo se passa com o fascismo. Mas a crise ampliou certamente o fenómeno, trazendo ao movimento os grandes batalhões indispensáveis para chegar ao poder num regime de sufrágio universal. Sem a crise teria Hitler chegado, pela via legal, a chanceler?
  • Quanto às consequências objetivas sobre a política dos Estados e as estruturas do poder, é notável que a falência do sistema liberal e a coerência da iniciativa privada obriguem o poder público a intervir. Os governos não podem furtar-se à expectativa de uma opinião pública pronta a repudiar os princípios, desde que se encontre o meio de repor a economia em marcha.
  • Os Estados são todos levados a transgredir as máximas liberais que interditavam ao Estado intervir em domínios deixados à iniciativa privada, individual ou colectiva. O fenómeno, já verificado por ocasião da guerra, reproduz-se com a grande crise. Os governos tomam nas suas mãos a direção da economia: iniciam grandes obras para reanimar os mecanismos. A expressão mais completa desta mudança de política é, sem dúvida, a revolução que o new deal constitui no país da livre iniciativa. Os Estados intervêm também na esfera monetária, instituindo alguns o controle cambial.