TCC Letras

Cards (82)

  • Desde o final do século XX, o termo "globalização" se popularizou e passou a fazer parte do dia a dia, representando o aumento das mobilidades, trocas e interações entre povos e culturas
  • O conhecimento de uma língua estrangeira (LE) que antes era um diferencial, hoje é visto como um pré-requisito para o mundo profissional
  • No Brasil, a proliferação de cursos de idiomas e a procura por certificações de proficiência revelam a tendência de tentar reduzir a deficiência no aprendizado de LE
  • As escolas públicas e privadas brasileiras ainda reservam baixa carga horária para o ensino de LE, apesar da importância destacada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
  • O ensino de línguas com objetivos específicos ganhou força, com cursos mais rápidos e voltados para públicos específicos, atendendo às novas necessidades dos aprendizes
  • O aumento de programas de mobilidade acadêmica, como o "Ciência sem Fronteiras", exige um perfil linguístico dos candidatos, o que demanda repensar a política linguística vigente no Brasil para o ensino de LE
  • Pesquisas mostram que muitos alunos saem da Educação Básica com competência linguística-comunicativa mínima e que os professores possuem domínio precário da língua que ensinam e conhecimento superficial de teorias de ensino/aprendizagem
  • Um grande percentual de alunos formados em cursos de Letras no Brasil não atinge níveis de proficiência oral satisfatórios para o ensino das LE nas quais se graduaram, comprometendo a qualidade do ensino de LE no país
  • Outros fatores que contribuem para o resultado negativo no ensino de LE no Brasil são: turmas numerosas, carga horária inexpressiva, excesso de trabalho do professor, falta de material didático básico e baixa credibilidade no ensino de línguas
  • estabelecer diálogos curtos nem elaborar/compreender pequenos textos
  • Os professores possuem um domínio muito precário da língua que ensinam e que, muitas vezes, possuem um conhecimento bem superficial das teorias de ensino/aprendizado de línguas, atuando exclusivamente com base em suas próprias convicções e experiências
  • Um grande percentual de alunos formados em cursos de Letras, no Brasil, não atinge níveis de proficiência oral satisfatórios para o ensino das LE nas quais se graduaram, o que compromete, por conseguinte, a qualidade do ensino de LE no país
  • Fatores que contribuem para o resultado negativo no ensino de LE
    • Turmas muito numerosas
    • Carga horária inexpressiva
    • Excesso de trabalho do professor, que não tem tempo suficiente para se dedicar ao preparo das aulas
    • Falta de material didático básico
    • Baixa credibilidade no ensino de línguas na escola, seja por parte da comunidade escolar (alunos, pais, colegas, direção da escola), seja por parte da sociedade em geral
  • A formação do professor de LE no Brasil é precária
  • Muitos alunos solicitam um professor nativo, baseado no senso comum de que um nativo (ainda que sem formação pedagógica) é mais adequado do que um profissional de Letras para ensinar uma língua estrangeira
  • Professor F: 'Lá no [nome do curso] muitos alunos assistem à aula demonstrativa que eu dou, dizem que gostam da aula, mas quando ficam sabendo de algum professor nativo com tempo vago, pedem ao diretor para trocar de professor. Já perdi dois grupos por causa disso. O pior é que o nativo que está lá agora nem professor é.'
  • Professor D: 'A diretora do curso sempre usa a presença de professores nativos como um diferencial pra vender o curso. O pior é que as turmas mudam de professor toda hora. Os nativos vêm pra cá, ficam alguns meses e vão embora. Quando os alunos ficam irritados de mudar de professor toda hora, é que se dão conta de que é melhor um professor brasileiro.'
  • A má formação do professor não diz respeito apenas à sua formação linguístico-comunicativa, mas toca também à própria prática pedagógica
  • Os jovens professores são 'lançados às feras' totalmente desprotegidos quando começam a trabalhar
  • Nóvoa (2007, p. 14): 'Como cuidamos dos jovens professores? O pior possível. Eles vão para as piores escolas, têm os piores horários, vão para as piores turmas, não há qualquer tipo de apoio. Eles são 'lançados às feras' totalmente desprotegidos. E nós fazemos de conta que o problema não é conosco. É um problema talvez do Estado, talvez de alguém, das autoridades, mas não um problema nosso. Mas este é, sim, um problema nosso e dramático da profissão.'
  • Professor A: 'Fiquei desesperada, professor. Quase trinta alunos na sala, numa indisciplina total. Ninguém me dava atenção. Eu não sabia o que fazer. Tinha preparado um exercício de revisão que nem deu tempo de corrigir e que, sinceramente, vi que não serviu pra nada.'
  • Professor C: 'Nunca ninguém [da administração do curso] foi assistir à minha aula. Ninguém pergunta o que eu fiz, o que eu dei. Eu posso fazer o que eu quiser, que não estão nem aí.'
  • Professor B: 'Às vezes me dá uma insegurança braba. Fico com medo de falar francês. Fico com medo de fazer muitos erros e os alunos perceberem. No curso então, meu medo é maior ainda. A maioria dos alunos conhece mais a França do que eu, que só fui uma vez.'
  • O professor de LE é visto como alguém mentalmente colonizado, que usa sua sala de aula para transmitir os valores culturais do colonizador
  • O professor de LE deve se preocupar não apenas em ensinar estruturas linguísticas, questionando a todo momento suas práticas pedagógicas, evitando reproduzir fiel e cegamente o livro didático
  • As orientações governamentais caminham no sentido de que a formação do futuro professor de LE deve ser iniciada desde sua entrada na graduação
  • O ensino/aprendizagem da língua estrangeira deve problematizar situações que levem em consideração a formação acadêmico-científica, tecnológica, técnica, artística, literária, enfim, diferentes dimensões que passariam a orientar os eixos formadores dos programas de curso
  • A Formação do Professor de LE deve considerar sua formação intelectual (cultural) e sua formação profissional (técnica)
  • Faltam na maioria de nossos cursos de Letras as cadeiras de Filosofia, Sociologia, Antropologia, Ciência Política, História, História da Arte, que dariam a nossos estudantes bases teórico-conceituais tão importantes para o aprimoramento crítico dos novos profissionais
  • O capital cultural dos professores de Letras é historicamente supervalorizado, já que eles se viram distanciados do capital econômico
  • Ser um bom professor não significa simplesmente dominar o conteúdo da sua área de atuação, mas sobretudo saber o que fazer com aquele conteúdo que se domina, decidir que uso dará a ele, decidir a forma como deve ser transmitido o conhecimento que adquiriu e ter a consciência de que o conhecimento se constrói e se troca e que não se considera pronto e acabado com a colação de grau
  • Somente com uma postura crítica diante das suas práticas o professor de LE poderá vir a tocar o capital simbólico, que resulta do reconhecimento, por parte do outro, do seu capital cultural e social
  • Capital social
    Conjunto das relações que esse profissional estabelecer com seus pares, sua rede de contatos, nas instituições onde esse professor é identificado (conhecido e reconhecido)
  • Bom professor
    Não significa simplesmente dominar o conteúdo da sua área de atuação, mas sobretudo saber o que fazer com aquele conteúdo que se domina, decidir que uso dará a ele, decidir a forma como deve ser transmitido o conhecimento que adquiriu e, dentro de uma perspectiva ainda mais moderna, ter a consciência de que o conhecimento se constrói e se troca e que não se considera pronto e acabado com a colação de grau
  • Postura crítica
    Permite ao professor de LE tocar aquilo que Bourdieu chamou de capital simbólico, que resulta do reconhecimento, por parte do outro, daquele capital cultural e social
  • Luiz Antônio Marcuschi disse que a formação intelectual do estudante de Letras é a formação de um cidadão capaz de agir na construção do conhecimento para atuar junto à sociedade
  • Formação intelectual
    Menos centrada na acumulação do conhecimento e cada vez mais focada no seu desenvolvimento crítico, na construção da sua autonomia, que o leve a buscar os melhores caminhos e as melhores soluções na sua prática cotidiana
  • A prática deve ser sempre o foco da formação e das preocupações dos professores
  • Professores recém-formados têm consciência de que falta-lhes prática e reflexão sobre a prática
  • Competência
    Não se confunde com competição, que deve ser vista como decorrência de uma situação mercadológica, mas não deve ser a base da formação