Refluxo gastroesofágico - Passagem do conteúdo gástrico para o esôfago com ou sem regurgitação/vômito
RGE fisiológico
Processo normal, fisiológico, causa poucos ou nenhum sintoma, nos lactentes se resolve espontaneamente até os 2 anos de idade
DRGE
Doença do refluxo gastresofágico - Causa sintomas ou complicações
DRGE do lactente
Doença autolimitada, melhora com o amadurecimento do lactente
DRGE da criança maior
Parecida com a doença do adulto, crônica, períodos de piora e períodos de acalmia
Condições associadas à DRGE crônica
Atresia de esôfago
Malformações congênitas
Hernia de hiato ou diafragmática
Neuropatias e pneumopatias
Obesidade, predisposição genética
Quadro clínico da DRGE - Sinais e sintomas
Choro
Desconforto
Irritabilidade
Sono agitado
Perda de peso
Síndrome de SANDIFER
Anemia
Halitose
Erosões dentarias
Azia/pirose
Regurgitação
Disfagia
Odinofagia
Dor epigástrica
Dor retroesternal
Esofagite
Esôfago de Barret
Estenose esofágica
Hematêmese ou melena
Tosse
Rouquidão
Sibilos
Apneia/cianose
Asma
Pneumonia
Otite de repetição
Laringite de repetição
Vômitos e regurgitações
Manifestações mais comuns do RGE em lactentes, podem alterar o crescimento e causar desnutrição
Esofagite de refluxo
Mais frequente na criança maior, a criança que fala pode se queixar de dor, mas não é confiável até os 8 ou 12 anos de idade
RGE fisiológico em lactentes
Benigno e autolimitado, se resolve entre 12 e 24 meses de idade, são considerados "vomitadores felizes"
Terapia conservadora em lactentes e crianças menores com sintomas de DRGE
Pode ser difícil diferenciar DRGE de alergia alimentar e cólica, então antes de tratar a DRGE, temos que adotar medidas conservadoras e fazer um teste terapêutico para identificar alergia
DRGE em crianças maiores
Parecida com a doença do adulto, tem curso mais crônico, períodos de piora e períodos de acalmia, sintomas são mais claros e específicos, tratamento com IBPs
Portadores de comorbidades - Grupo de risco para DRGE
Operados de atresia de esôfago
Hernia de hiato ou diafragmática
Neuropatias
Doenças respiratórias crônicas
Submetidos a transplante pulmonar
Paciente em quimioterapia
Prematuros
Obesidade
Diagnóstico clínico
Nenhum exame diagnóstico é considerado padrão ouro, encontrar refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago não significa que necessariamente o paciente tem DRGE, a história clinica e o exame físico são fundamentais
Radiografia contrastada do esôfago, estômago e duodeno
Realizar em suspeita de anormalidade anatômica do trato digestório, não deve ser usado para diagnosticar DRGE ou avaliar a gravidade da DRGE
Cintilografia gastresofágica
Não deve ser utilizada para diagnóstico de DRGE em lactentes e crianças, um teste normal não exclui a possibilidade de aspiração pulmonar
Ultrassonografia esofagogástrica
Não é utilizada para diagnóstico da DRGE, não diferencia RGE da DRGE, pouco especifica para o diagnóstico da DRGE
pHmetria esofágica
Pesquisar RGE oculto, avaliar a resposta ao tratamento em paciente com esôfago de Barret ou com DRGE de difícil controle, limitação: não detecta refluxo não ácido ou pouco ácido
Impedância esofágica intraluminal
Detecta o movimento retrogrado de fluido no esôfago, em qualquer quantidade, independente do pH, usada para monitorar a quantidade e qualidade do refluxo
Manometria esofágica
Avalia a motilidade do esôfago, realizar em paciente com suspeita de dismotilidade esofágica, útil nos pacientes que não responderam à supressão ácida, e que tem endoscopia negativa
Endoscopia digestiva alta com biópsia
Permite o diagnóstico das complicações da DRGE (esofagite, esôfago de Barret), não deve ser usada para diagnostico de refluxo, mas sim de suas complicações
Teste terapêutico empírico com supressão ácida
Realizar em crianças maiores e adolescentes com sintomas de DRGE, sem sinal de alerta, são utilizados fármacos IBP de 4 a 12 semanas, não é indicado para crianças menores
Objetivos do tratamento
Amenizar os sintomas
Cicatrizar as lesões
Evitar a recorrência de lesões ou complicações da DRGE
Garantir o crescimento e ganho de peso adequados
Tratamento conservador
Não medicamentoso, não usar roupas apertadas, trocar as fraldas antes das mamadas, cessar tabagismo, orientações dietéticas, postura anti-RGE
Orientações dietéticas
Evitar refeições volumosas, calóricas, com alimentos gordurosos, evitar ingerir alimentos algumas horas antes de dormir, evitar overfeeding, formula espessada
Orientações posturais
Lactentes devem dormir em supino, adolescentes e adultos devem dormir em decúbito lateral esquerdo
Tratamento medicamentoso
Antiácidos e citoprotetores
Sucralfato
Agentes procinéticos
Metoclopramida
Bromoprida
Domperidona
Antagonistas do receptor H2 da histamina
Inibidores da bomba de prótons - IBPs
Antiácidos e citoprotetores
Antiácidos e alginato - Neutralizam o ácido gástrico, Sucralfato - Citoprotetor, protege a mucosa gástrica
Agentes procinéticos
Não devem ser usados na DRGE, causa mais efeitos colaterais que benefícios
Metoclopramida, Bromoprida e Domperidona
Não devem ser usados na DRGE, causam efeitos extrapiramidais
Antagonistas do receptor H2 da histamina
Diminuem a acidez gástrica, mais eficiente na cicatrização de lesões leves e moderadas
Inibidores da bomba de prótons - IBPs
Indicado para esofagite, estenose péptica, esôfago de Barret, diminuir a secreção ácida, não tem tolerância, diminui o volume intragástrico, inibe a secreção acida provocada pela alimentação
Omeprazol
0,7 a 3,5 mg/kg por dia, dose máxima = 80 mg
Tratamento cirúrgico
Paciente deve ser avaliado pelo gastroenterologista pediátrico, indicado em casos graves, refratários ao tratamento, esôfago de Barret, grande hernia de hiato, pacientes que precisam de tratamento medicamentoso continuo