John Stuart Mill e o Positivismo Inglês

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  • Na Inglaterra, o Positivismo se desenvolveu na esteira da tradição empirista britânica, que no campo político tinha tomado a forma de Utilitarismo, dos quais os principais representantes são Jeremiah Bentham e James Mill. Jonh Stuart Mill, filho de James Mill, bebeu dessa tradição filosófica na fonte.
  • Junto com Herbert Spencer, Mill se tornou o nome mais importante do Positivismo Inglês. Diversamente de Spencer, cuja principal preocupação era a incorporação das consequências filosóficas da Teoria da Evolução das Espécies ao Positivismo, Mill se preocupava predominantemente com questões políticas e epistemológicas. É este último aspecto de seu pensamento que nos interessa diretamente aqui. Mill realizou refinadas análises sobre a lógica da ciência, deixando claro o caráter empirista intrínseco ao Positivismo.
  • Examinando a questão do silogismo, Mill demonstra sua esterilidade como método de obtenção do conhecimento, pois se o método de dedução que ele carrega é universal, o conteúdo de suas proposições é sempre derivado da experiência.
  • Se dizemos que 1) todos os homens são mortais, e que 2) Sócrates é homem, portanto 3) Sócrates é mortal; temos uma conclusão válida para tais premissas. Mas a validade das premissas em si é dada porque eu já vi a morte de Paulo, João, Maria; e me contaram da morte de muitos outros seres humanos. Portanto, é da experiência de casos singulares que extraio as proposições gerais que estão na base dos silogismos científicos. E a única justificação para crer que as proposições se darão tais quais eu as estou emitindo, é por que elas se deram assim até agora.
  • O método da ciência portanto é o método da indução, e é este que precisamos investigar em sua validade.
  • Aqui temos uma formulação radical empirista: para Mill, todos os nossos conhecimentos e verdades são de natureza empírica, inclusive as proposições das ciências dedutivas, como a geometria. Segundo ele, a geometria é a ciência "daquelas linhas, daqueles ângulos e daquelas figuras que realmente existem". Afirma que mesmo as proposições da geometria são verdades experimentais, generalizações da observação.
  • Por indução, Mill entende aquele processo mental por meio do qual inferimos que aquilo que sabemos, através da experiência, que é verdadeiro em alguns casos isolados, será verdadeiro em todos os casos que se assemelhem aos primeiros por determinados aspectos. Em outras palavras, indução é o processo em que afirmamos que algo que é verdadeiro para o indivíduo de uma classe é verdadeiro para todos os indivíduos desta determinada classe. Mill define sumariamente a indução como generalização da experiência.
  • Mais que isso, Mill explicita claramente a crença ontológica (e portanto metafísica) em que está baseada a indução. A garantia de que nossas inferências a partir da experiência venham a descobrir leis que sejam capazes de prever o curso da natureza é a crença de que a natureza é uniforme e o universo se estrutura por leis universais e imutáveis. É a crença no determinismo que está na base de toda a ciência, mesmo a "positiva".