3.

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  • A história da economia mundial desde a Revolução Industrial tem sido de acelerado progresso técnico, de contínuo mas irregular crescimento económico, e de crescente "globalização", ou seja, de uma divisão mundial cada vez mais elaborada e complexa de trabalho; uma rede cada vez maior de fluxos e intercâmbios que ligam todas as partes da economia mundial ao sistema global. O progresso técnico continuou e até se acelerou na Era da Catástrofe, transformando e sendo transformado pela era de guerras mundiais.
  • Embora na vida da maioria dos homens e mulheres as experiências económicas centrais da era tivessem sido cataclísmicas, culminando na Grande Depressão de 1929-33, o crescimento económico não cessou nessas décadas. Apenas diminuiu o ritmo. Na maior e mais rica economia da época, os EUA, a taxa média de crescimento do PNB per capita da população entre 1913 e 1938 foi apenas de um modesto 0,8% ao ano. A produção industrial mundial cresceu pouco mais de 80% nos 25 anos após 1913, ou cerca de metade da taxa de crescimento do quarto de século anterior .
  • O contraste com a era pós-1945 iria ser ainda mais espetacular.
  • Contudo, com certeza sob um aspecto ela não se achava em expansão. A globalização da economia dava sinais de que parara de avançar nos anos entreguerras. Por qualquer critério de medição, a integração da economia mundial estagnou ou regrediu. Os anos anteriores à guerra tinham sido o período de maior migração em massa na história registrada, mas esses fluxos depois secaram, ou foram represados pelas perturbações das guerras e restrições políticas.
  • O comércio mundial recuperou-se das perturbações da guerra e da crise do pós-guerra e subiu um pouco acima de 1913 no fim da década de 1920, caindo novamente durante a depressão, mas no fim da Era da Catástrofe (1948) não era significativamente maior em volume do que antes da Primeira Guerra Mundial.
  • Entre o início da década de 1890 e 1913, havia mais que duplicado. Entre 1948 e 1971, iria quintuplicar. Essa estagnação é tanto mais surpreendente quando lembramos que a Primeira Guerra Mundial produziu um número substancial de novos países na Europa e no Oriente Médio. Tantos quilômetros a mais de fronteiras de países poderiam levar-nos a esperar um aumento automático no comércio entre estes Estados, uma vez que transações comerciais antes feitas num mesmo país (digamos, Austria-Hungria, ou Rússia) eram agora classificadas como internacionais.
  • Do mesmo modo, o trágico fluxo de refugiados do pós-guerra e da pós-revolução, cujos números já se mediam em milhões, poderia levar-nos a esperar mais um crescimento que uma queda da migração global. Durante a Grande Depressão, até mesmo o fluxo internacional de capital pareceu secar. Entre 1927 e 1933, os empréstimos internacionais caíram mais de 90%.
  • Por que essa estagnação? Sugeriram-se vários motivos, como por exemplo que a maior das economias do mundo, a dos EUA, passara a ser praticamente auto-suficiente, exceto pelo suprimento de umas poucas matérias-primas; jamais dependera particularmente do comércio externo. Contudo, mesmo países que tinham sido comerciantes de peso, como a Grã-Bretanha, mostra a mesma tendência. Os contemporâneos concentravam-se numa causa de alarme mais óbvia, quase tinham razão. Cada Estado agora fazia o mais possível para proteger suas economias de ameaças externas (uma economia mundial visivelmente em apuros.)