Não devemos no entanto acreditar que os Positivistas, notadamente os franceses Comte e Bernard, eram empiristas ingénuos. Comte, também influenciado pelo Racionalismo, compreende que o Empirismo puro nada mais é do que uma "estéril acumulação de fatos". Para ele, assim como para Claude Bernard, genial cientista francês criador da medicina experimental, o objetivo da ciência é buscar a formulação de leis, através da razão, que sejam capazes de prever o funcionamento dos fenómenos, "segundo o dogma geral da invariabilidade das leis naturais".
Não há experimento sem hipótese prévia, diz Bernard, porém não há hipótese sem observação prévia, acredita ele. Assim, embora num posicionamento (do Positivismo Francês) mais elaborado do que o do Empirismo Britânico, o Positivismo, em matéria do problema filosófico da origem do conhecimento, se alinha com a solução empirista.
Vemos que para o Positivismo o empreendimento científico é uma mistura consciente do método indutivo dos empiristas com o método dedutivo dos racionalistas. Aqui, ambos se equilibram num processo de checagem e contra-checagem. Partiríamos da observação de casos particulares, induzindo uma hipótese geral, da qual deduzimos preditivamente um outro caso particular que tem que se dar, e finalmente induzimos de novo do resultado de nosso experimento para uma lei geral.
Os positivistas acreditam que o mundo nos informa com dados positivos, nossa razão encontra uma regularidade e formula uma hipótese, com o experimento nós perguntamos ao mundo se nossa hipótese está correta e ele responde sim (esta é uma lei) ou não (este é um erro).