Este sistema de relações sofreu também profundas alterações: o reforço do papel do Estado e a extensão das atribuições do poder público não beneficiaram todos os poderes indistintamente. A evolução processou-se em detrimento das assembleias e em proveito sobretudo do executivo. Com efeito, o executivo estava mais bem preparado.
Com efeito, o executivo estava mais bem preparado: mais do que nunca, em tempo de guerra, a política exige decisão rápida, continuidade na execução, eficácia. Só o executivo podia satisfazer estas exigências. As assembleias, pelo contrário, adaptam-se mal às necessidades da guerra: são demasiado numerosas para uma decisão rápida.
As exigências do segredo impedem que o governo as informe completamente tanto do estado dos problemas como das suas intenções. Improvisam-se, claro está, processos de substituição, como as comissões secretas: os parlamentos reúnem-se à porta fechada e não é dada qualquer publicidade aos seus debates. Apesar de tudo, os ministros hesitam em divulgar perante seiscentos parlamentares tudo o que sabem.
O orçamento, que aumentou muito, já não se presta tão bem a um exame aprofundado como antes de 1914.
Espera-se dos parlamentos que dêem ao governo uma confiança global e muitas vezes cega. A decisão escapa-lhes, o seu controle enfraquece. O contraste é evidente entre o triunfo aparente da democracia e, na prática, a crescente inadaptação do regime parlamentar as novas condições do exercício do poder, às necessidades objectivas da situação e às disposições dos espíritos. Neste contraste entre a aparência e a realidade, entre os princípios declarados e as possibilidades práticas, reside um dos germes da crise que a democracia parlamentar vai atravessar no período entre as duas guerras.