História da Investigação Etnográfica e os seus usos

• A antropologia cultural surgiu como disciplina formal durante o auge do colonialismo (décadas de 1870-1950), quando muitos antropólogos europeus se concentraram no estudo dos povos tradicionais e das suas culturas nas colónias ultramarinas. Por exemplo, os antropólogos franceses fizeram a maior parte da sua investigação no Norte e Oeste de África e no Sudeste Asiático; os antropólogos britânicos na África Austral e Oriental; os antropólogos holandeses no que veio a ser a Indonésia, a Nova Guiné Ocidental e o Suriname; e os antropólogos belgas no Congo de África.
• Entretanto, os antropólogos do Canadá e dos Estados Unidos concentraram-se principalmente nas comunidades de índios americanos e esquimós dos seus próprios países - que residem geralmente em extensões de terra conhecidas como reservas, ou em aldeias remotas do Ártico. Uma vez que estes grupos indígenas estão rodeados por uma sociedade mais dominante que se instalou no que costumavam ser terras exclusivamente nativas, e já não são completamente independentes do governo nacional dessa sociedade maior e mais complexa, as suas reservas são por vezes descritas como colónias internas.
• Em tempos, foi prática comum comparar povos que ainda seguiam modos de vida tradicionais, baseados na caça, pesca, recolha e/ou agricultura ou pastoreio em pequena escala, com os antigos antepassados pré-históricos dos europeus e classificar as culturas desses povos tradicionais como "primitivas".
• Embora os antropólogos tenham há muito abandonado esta terminologia etnocêntrica ("primitivo"), muitos outros continuam a pensar e a falar destas culturas tradicionais em termos de "subdesenvolvimento". Esta conceção errónea ajudou as sociedades estatais, as empresas comerciais e outros grupos externos poderosos a justificar a expansão das suas atividades e mesmo a invasão das terras pertencentes a estes povos, exercendo frequentemente uma pressão esmagadora sobre eles para que mudassem os seus costumes ancestrais.